Arroba desce ladeira e boi gordo sente o “fim da safra de capim”

Preços da arroba do boi gordo caem no país, seguindo uma trajetória esperada para o período do ano; Pecuaristas sentem o “fim da safra de capim”, enquanto indústrias estão abarrotadas com aumento da oferta de animais. Confira

Com grande pressão, o mercado físico do boi gordo abriu a segunda quinzena de maio com recuos nas cotações de todas as categorias avaliadas. O mercado físico do boi registrou preços em queda nas principais praças de produção e comercialização do país, com quedas mais pronunciadas nos estados de Mato Grosso e em Goiás. O motivo principal, aumento da oferta de animais para abate.

Pecuaristas sentem o “fim da safra de capim”, enquanto indústrias comemoram aumento da oferta de animais. O avanço do outono e a pressão da aproximação do fim da “safra de capim” estão ditando os novos rumos no mercado do boi gordo, relata o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria. “A oferta de boiadas gordas melhorou, as escalas de abate avançaram e os preços da arroba cederam”, destaca Fabbri, fazendo um resumo do comportamento do mercado nesta semana encerrada em 17 de maio.

A situação climática é uma variável-chave neste momento, com o desgaste das pastagens em evidência, aumentando a urgência do pecuarista em negociar. “Nesse ambiente, não há dificuldades para a indústria frigorífica em posicionar as escalas de abate. A maioria delas se encontra em uma posição de grande conforto, testando rotineiramente preços mais baixos. Este movimento deve perdurar no curto prazo, ainda em um ano pautado por relevante abate de fêmeas”, disse o analista da Consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.

“O prognóstico climático aponta para intensificação do período seco para a segunda quinzena, o que, em curto prazo, deve manter a pressão baixista sobre os preços da arroba”, prevê Fabbri.

Com este cenário, a média nacional das escalas finalizou a semana em 12 dias úteis, com avanço de 1 dia útil perante a semana passada e o maior nível desde ago/22. Dessa forma, as escalas de abate avançam e atingem o maior nível na média Brasil desde ago/22, apontou a Agrifatto.

Fechamento do mercado do boi gordo na última semana

Das 32 praças monitoradas pela Scot, a cotação do boi gordo na semana ficou estável em 14 e caiu em 17, aponta Fabbri. “Mas onde há estabilidade, o mercado está baixista”, ressalta o analista da Scot.

Diante da boa oferta de boiadas e das escalas alongadas, a cotação da novilha caiu R$5,00/@ nesta sexta-feira. As cotações do boi gordo e da vaca gorda não mudaram. O boi está sendo negociado em R$227,00/@, a vaca em R$205,00/@ e a novilha em R$215,00/@, preços brutos e a prazo. A arroba do “boi China” – animal jovem abatido com até 30 meses de idade – está sendo negociada em R$230,00, preço bruto e a prazo. Ágio de R$3,00/@.

No mercado futuro, na quinta-feira (16/5), todos os contratos do boi gordo apresentaram valorização, informa a Agrifatto. O contrato com vencimento em maio/24 fechou cotado a R$ 225,15/@, um avanço de 0,16% em relação ao dia anterior. Por sua vez, o contrato com vencimento em outubro/4 foi negociado a R$ 237,45/@, com valorização diária de 0,27%.

Preços do boi gordo nas principais praças pecuárias do país

  • Em São Paulo, Capital, a referência média para a arroba do boi ficou em R$ 226.
  • Em Goiânia, Goiás, a indicação foi de R$ 204-205 para a arroba do boi gordo.
  • Em Uberaba (MG), a arroba teve preço de R$ 212.
  • Em Dourados (MS), a arroba teve preço de R$ 219.
  • Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 211.
boi gordo
Foto Divulgação. @agropecuáriaveneza

De olho nas exportações e consumo interno

Segundo Fabbri, a exportação, o consumo doméstico, a margem da indústria nos atuais patamares de preços, além do dólar em alta, “colaboraram, até o momento, para que a pressão de baixa não seja tão intensa, mesmo com a perspectiva de maior oferta de bovinos da história para o acumulado do período”.

No mercado doméstico, a expectativa sobre o consumo para o Dia das Mães confirmou-se, mas ainda há boa oferta de carne bovina, o que colabora com a pressão de baixa, observa o analista.

Se as exportações brasileiras de carne bovina em março/24 “bateram na trave” na tentativa de alcançar um novo recorde mensal, em abril/24, um novo recorde mensal se concretizou para o segmento, relata a Agrifatto.

Foram embarcadas 216,86 mil toneladas de carne bovina (in natura + industrializada), o maior volume mensal da história, informa a Agrifatto, com base em dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). “Foi o maior volume embarcado para o país asiático no ano, o que resultou em uma participação de 48,56% da China sobre os embarques totais”, observa a consultoria.

Por sua vez, a exportação de carne bovina segue firme e, até a segunda semana de maio, a média diária embarcada (10,7 mil toneladas) está 40,7% maior do que a média em maio/23.

Mercado de reposição em São Paulo

Na semana, apenas a cotação do bezerro de ano subiu, a alta foi de 0,6%. Para as demais categorias, as cotações caíram. A cotação da desmama caiu 3,9%, a do garrote 1,1% e a do boi magro 0,7%. Com relação às fêmeas, a cotação da vaca boiadeira subiu 0,4%. A cotação da bezerra de desmama, da bezerra de ano e a da novilha, respectivamente, caiu 2,7%, 3,0% e 1,2%.

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