Mesmo com o mercado interno apresentando instabilidade no consumo e as exportações recuando em janeiro, os preços seguem em alta no mercado do boi gordo!
O mercado físico de boi gordo registrou preços estáveis a mais altos nesta quarta-feira, 3. Mesmo apresentando menor demanda no mercado interno, a escassez de animais para abate traz uma situação complicada para muitos frigoríficos diante do robusto encarecimento da matéria-prima. Até quando essa arroba irá se sustentar?
Segundo apuração da IHS Markit, a especulação altista em torno das indicações de compra de lotes de animais prontos continuou ativa nesta quarta-feira. Porém, o fluxo de comercialização é relativamente baixo, devido à enorme escassez de oferta boiada gorda.
Segundo a Scot Consultoria, o destaque da quarta-feira ficou para a vaca gorda que, na comparação com terça-feira (2/2), subiu mais R$ 2/@ na praça paulista, para R$ 284/@, a prazo. A cotação da novilha gorda para abate ficou estável na comparação diária, valendo R$ 292/@, nas mesmas condições.
Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 303,59/@, na quarta-feira (03/02), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 89,91/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 281,86/@.
Ainda segundo o app, não foram registrados valores para negociações abaixo de R$ 300,00/@, sendo a maior parte a R$ 305,00/@ nas praças paulistas. Já Cepea, voltou a registrar valorização e teve seu Indicador fechando a R$ 301,90/@ batendo um novo recorde de preço.
Os apertos nas margens operacionais das indústrias – algumas unidades já operam no vermelho – afastaram os compradores do mercado. “Há plantas frigoríficos que relatam formação de excedentes em estoque dada a dificuldade de escoar a produção”, alerta a consultoria.
Nesse contexto, movimentos mais robustos de alta nos preços da arroba bovina são limitados e começaram a perder intensidade nos últimos dias. De certa maneira, o setor industrial aguarda uma resposta mais contundente no consumo doméstico de carne bovina com a chegada do mês de fevereiro – período de pagamento dos salários aos trabalhadores –, além de uma recuperação mais consistente no fluxo das exportações brasileiras.
“A arroba brasileira está cotada em US$ 56. E quando se compara com a arroba norte-americana, lá nos Estados Unidos, está por US$ 55. Ou seja, a arroba brasileira está mais cara que a americana. E nós somos hoje a arroba mais cara do Mercosul”, avalia a especialista Lygia Pimentel, CEO da Agrifatto.
Arroba a R$ 340
A arroba do boi gordo passou de R$ 300 em São Paulo nesta semana. Porém, de acordo com o presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), Maurício Veloso, o patamar atual não se reflete em lucro para o invernista. Ele afirma que os custos subiram quase o dobro do valor oferecido pelo animal terminado. “O boi deveria estar valendo ao redor de R$ 340 para fazer frente aos gastos”, diz.
Giro do boi gordo pelo Brasil
- Em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou a R$ 301, estáveis.
- Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 290, inalterado.
- Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 291, estável.
- Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 289, ante R$ 285.
- Em Uberaba, Minas Gerais, os valores chegaram a R$ 299, contra R$ 298 na terça.
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Atacado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina seguem acomodados. Conforme Iglesias, há pouco espaço para novas reações dos preço, avaliando a dificuldade do consumidor médio em absorver novos reajustes, simplesmente migrando para proteínas mais acessíveis. A carne de frango ainda detém a preferência do consumidor médio, tendência que deve se consolidar no decorrer do primeiro semestre.
Com isso, o corte traseiro permaneceu em R$ 20,80 o quilo. O corte dianteiro teve preço de R$ 15,60 o quilo, enquanto a ponta de agulha seguiu em R$ 15,60 o quilo.