Os preços da arroba seguem cedendo nas principais praças pecuárias, nem mesmo o “apagão” de boiada está conseguindo frear a pressão baixista; e agora?
O mercado físico de boi gordo registrou preços mais baixos nesta quinta-feira, 3, nas principais praças de produção e comercialização do país, de acordo com a Safras & Mercado. Segundo levantamento realizado pela Equipe do Compre Rural, frigoríficos abriram o dia ofertando menos pelo boi gordo, sendo cotado na praça paulista a R$ 275/@.
O analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, afirma que os pecuaristas estão cedendo cada vez mais à pressão dos frigoríficos por queda nos preços. Com isso, os frigoríficos conseguiram alongar suas escalas de abate e agora estão em uma posição bem mais confortável.
Em São Paulo, segundo apurou a Scot Consultoria, os frigoríficos abriram o dia ofertando R$ 3 a menos pela boiada gorda, na comparação com os valores da quarta-feira (2/12). Quanto às fêmeas, os preços ficaram estáveis em relação ao dia anterior, em R$ 255/@ e R$ 268/@ para a vaca e novilha gordas, respectivamente, de acordo com a Scot.
Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 274,04/@, na quinta-feira (03/12), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 262,54/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 251,50/@.
Já o Indicador do Cepea, na comparação diária teve um avanço de 1,05%, fechando o dia de ontem cotado a R$ 275,35/@, refletindo uma maior pressão da indústria e uma maior retenção por parte dos pecuaristas. Entre 25 de novembro e 2 de dezembro, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (estado de São Paulo, à vista) recuou 1,4%, fechando a R$ 274,30 na quarta-feira (2/12).
Giro do Boi Gordo pelo Brasil
- Na capital de São Paulo, os preços do mercado à vista caíram de R$ 275 para R$ 273 por arroba do boi gordo.
- Em Uberaba (MG), baixaram de R$ 273 para R$ 270/271.
- Em Dourados (MS), recuaram de R$ 265 para R$ 259.
- Em Goiânia (GO), foram de R$ 265 para R$ 260 por arroba.
- Já em Cuiabá (MT), cederam de R$ 260 para R$ 258.
Preocupação
A oferta de animais terminados, prontos para o abate, permanece restrita em grande parte do país. “No entanto, esse fator tem se mostrado insuficiente para conter a queda nos preços do boi gordo. Com este quadro desenhado, é pouco provável que haja alguma reação nos preços no restante de 2020”, frisa o consultor da Agência Safras.
Esse menor apetite para as compras de boi gordo por parte dos frigoríficos explica o atual movimento de baixa no mercado. Os grandes frigoríficos estão operando com uma redução na capacidade de abate, já que o mercado atacadista também reduziu os seus volumes de compra, principalmente diante de um mercado interno indefinido.
A estratégia continua sendo, então, uma compra cadenciada de lotes oriundos de confinamento ou semiconfinamento, enquanto não há disponibilidade de animais de pasto. A redução da demanda chinesa nos próximos dias também é um fator importante para que os frigoríficos mantenham a pressão de baixa.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
Carne bovina
No atacado, os preços da carne bovina ficaram estáveis após a queda verificada na quarta-feira, 2. Com isso, o corte traseiro seguiu em R$ 19,85 o quilo. O corte dianteiro teve preço de R$ 15,80 o quilo, estável, e a ponta de agulha permaneceu em R$ 15,40 o quilo.
Conforme Iglesias, a expectativa para o curto prazo é de novo recuo nas indicações, apesar de o fim do ano marcar o ápice do consumo de carne bovina no país.
Para 2021, será muito importante acompanhar as notícias sobre a China, maior compradora de carne bovina do Brasil. “Há informações bastante contraditórias em torno da recomposição do plantel de matrizes suínas após os recentes surtos de peste suína africana no gigante asiático”, alerta Iglesias.