Frigoríficos exportadores tem o foco na operação logística envolvida no embargo voluntário em relação a China; Pecuarista perde poder de retenção da oferta!
O mercado físico de boi gordo registrou preços predominantemente estáveis nesta sexta-feira, 24, com o silêncio da China em relação a liberação das exportações, causando tensão no mercado. Como de praxe, os abatedouros continuam tentando realizar compras a preços abaixo da referência média, mas sem grandes sucessos no momento.
Porém, o pecuarista segue cada vez mais apertado em relação as suas margens e o poder de retenção da oferta de animais para o abate, tendo em vista os altos custos da diária do confinamento, atualmente na casa de R$ 20,00/cab. Esse fator por trazer uma tensão ainda maior para o mercado na próxima semana, caso a China não se posicione urgentemente!
A semana termina com poucos negócios nas praças paulistas, com parte das indústrias fora das compras, aguardando o retorno das exportações e trabalhando o nível de abates para atender à demanda doméstica por carne bovina.
Segundo a Scot Consultoria, na comparação feita dia a dia, a cotação das três categorias destinadas ao abate permaneceu estável. Assim, o boi gordo, a vaca e novilha gordos estão sendo negociados, respectivamente, em R$302,00/@, R$281,00/@ e R$299,00/@, preços brutos e a prazo.
Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 296,04/@, na sexta-feira (24/09), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 280,51/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 297,75/@.
O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (mercado paulista) operou na casa dos R$ 310 e R$ 320, agora em setembro, está entre R$ 300 e R$ 310. Nesta semana, apesar dos altos e baixos, o preço seguiu praticamente estável e fechou a semana cotado a R$ 300,25/@, após uma variação diária de 1,47%.
Em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul o mercado até apresentou quedas nos últimos dias, mas ainda opera acima dos R$ 300 por arroba, com apenas negócios pontuais sendo realizados abaixo desse patamar nesses estados.
Segundo a Agrobrazil, a média móvel e o diferencial de base inverteu nos estados de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, quando comparados com a praça paulista como referência. Lembrando que o mercado segue pressionado com o embargo da China.
Silêncio da China intriga cadeia produtiva da carne bovina
A cadeia da carne bovina está em alerta. Após a confirmação de dois casos atípicos da doença da “vaca louca” em Minas Gerais e Mato Grosso, as projeções iniciais eram de que a China voltaria a comprar do Brasil em duas semanas, no máximo, mas a suspensão já chega a 20 dias. O Ministério da Agricultura diz ter enviado todas as informações sanitárias que são necessárias, mas Pequim segue sem reabrir seu mercado.
“Nem mesmo os importadores chineses sabem o que está acontecendo”, afirma o analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado. Procurada pelo Valor, a Embaixada da China no Brasil não se pronunciou. Fontes da indústria também dizem não ter notícias sobre quando os embarques ao país asiático – que normalmente absorve cerca de 60% das exportações brasileiras – voltarão a fluir.
Para Lygia Pimentel, diretora da Agrifatto, o forte crescimento das exportações à China ocorrido no fim de agosto e também nos primeiros dias de setembro deixa uma pulga atrás da orelha. “É como se alguém já soubesse o que estava acontecendo”, diz.
Escalas de abate estão sob pressão
As aquisições de pequenos lotes visam complementar vazios das programações de abate de frigoríficos que ainda estão em atividade. A média nacional das escalas de abate se encontra em 7 dias úteis, um a mais que a semana passada.
- Em São Paulo, as indústrias fecharam a sexta-feira com 8 dias úteis já programados, avançando 1 dia no comparativo semanal.
- Em Goiás, as programações se estabilizaram em 9 dias úteis, acima da média dos últimos 12 meses.
- Os frigoríficos mineiros encerraram a sexta-feira com as escalas sem avanços em comparação a semana passada, na casa dos 8 dias úteis já preenchidos.
- Em Tocantins e Mato Grosso do Sul, as indústrias fecharam a semana com 6 dias úteis programados.
- Em Mato Grosso e Rondônia as programações de abate são as mais críticas do país, estabelecendo-se em 5 dias úteis.
Giro do Boi Gordo pelo Brasil
- Com isso, em São Paulo, a referência para a arroba do boi ficou R$ 302 a R$ 303 na modalidade à prazo, ante R$ 304 a arroba na quinta-feira (23).
- Em Goiânia (GO), a arroba recuou de R$ 290 para R$ 287.
- Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 301 a R$ 302.
- Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 283, estável.
- Em Uberaba, (MG), preços a R$ 300, contra R$ 302.
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Atacado
Já no mercado atacadista, os preços da carne bovina seguem firmes. “Este é mais um sintoma que a carne estocada nas câmaras frias e nos portos ainda não foi ofertada no mercado doméstico, caso isso aconteça os preços desabariam, o que resultaria em uma nova rodada de pressão sobre os preços do boi gordo”.
Ponta de agulha também permanece precificada a R$ 16,30, por quilo. Quarto traseiro ainda é precificado a R$ 21,50, por quilo.