De um lado a indústria continua na pressão, mas do outro o pecuarista resiste porque a conta não fecha e há o grande risco de prejuízo na reposição!
O mercado físico de boi gordo teve preços de estáveis a mais altos nesta quinta-feira, 18. Se por um lado a carne começa a recuar no ataco pressionando ainda mais a indústria, do outro o pecuarista também freia as ofertas que já estavam restritas, já que há um grande risco de prejuízo com atuais preços da reposição.
A maior parte das indústrias frigoríficas ainda preferiu adotar uma posição de cautela nas suas compras de gado, devido sobretudo ao baixo consumo doméstico de carne bovina e recuo dos preços. Entretanto, mesmo que elas busquem animais, o quadro ainda é de grande restrição na oferta de animais, trazendo sustentação para os preços praticados.
Segundo a Scot Consultoria, os preços da vaca e da novilha gordas também permaneceram estáveis no estado, negociadas, respectivamente, em R$282,00/@ e R$292,00/@, preços brutos e a prazo. Os animais de até quatro dentes que atendem às exportações foram negociados a R$305,00/@.
Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 300,13/@, na quinta-feira (18/02), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 283,41/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 282,87/@.
Apesar disso, o indicador do boi gordo do Cepea subiu 0,50% na comparação diária e passou de R$ 302,25 para R$ 303,75. Dessa forma, a cotação voltou a renovar a máxima nominal histórica da série do instituto. Em 2021, a alta acumulada chegou a 13,70%.
A margem operacional dos frigoríficos é cada vez mais estreita em função desse cenário, e muitas unidades sinalizam para a redução da capacidade de abate, em um claro movimento para mitigar os efeitos do encarecimento da matéria-prima.
Exportações
Em fevereiro, até a segunda semana, a média diária exportada de carne bovina in natura pelo Brasil foi de 4,5 mil toneladas, um recuo de 26,8% na comparação com a média de fevereiro do ano passado.
No acumulado de fevereiro, o volume exportado de carne bovina totalizou 44,99 mil toneladas (Secex). O preço médio pago pela tonelada foi de US$4.552,50, um aumento de 2,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Pressão do pecuarista
Como já mencionado neste texto, há também uma posição de cautela de boa parte dos pecuaristas, que resistem em negociar frente às pressões baixistas sobre os preços exercidas pelos compradores, informa a IHS Markit. Além disso, para os recriadores que necessitam fazer a reposição, há o risco de prejuízos em caso da venda de lotes de boiadas gordas muito abaixo dos preços vigentes atualmente.
Mercado futuro
Na B3 o dia foi de leve desvalorização, e o contrato com vencimento para abril/21 encerrou a quinta-feira desacelerando 0,18%, ficando cotado a R$ 299,25/@. O mercado futuro segue alheio as movimentações da carne bovina no atacado, apostando ainda na firmeza de preços que seria sustentada pela falta de gado pronto em todo o país.
Giro do boi gordo pelo Brasil
- Em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou a R$ 303 a arroba, ante R$ 304 – R$ 305 na quarta.
- Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 290, inalterado.
- Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 292 – R$ 293, ante R$ 294.
- Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 296, ante R$ 295 a arroba.
- Em Uberaba, Minas Gerais, preços chegaram a R$ 303 a arroba, contra R$ 302 a arroba.
- Instabilidade no tempo marca os próximos dias no Estado
- Jeff Bezos investe R$ 44 milhões em vacina para reduzir metano do gado
- Abiove projeta produção recorde de soja em 2025
- Brangus repudia veto do Carrefour à carne do Mercosul
- São Paulo terá rebanho rastreado a partir de 2025: entenda o novo sistema
Atacado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina ficaram de estáveis a mais baixos. Conforme Iglesias, o ambiente de negócios ainda sugere por nova queda dos preços da carne bovina, consequência da lenta reposição entre atacado e varejo, em um momento em que o consumidor médio migra de maneira intensa para proteínas mais acessíveis, principalmente a carne de frango. “Essa dinâmica pode mudar se ocorrer a aprovação de mais parcelas do auxílio emergencial, fomentando o consumo de base”, pontuou o analista.
Com isso, o corte traseiro caiu para R$ 19,90 o quilo. O corte dianteiro teve preço de R$ 15,50 o quilo, assim como a ponta de agulha, sem alterações.