Oferta continua muito restrita e boi flutua num mercado esvaziado; No físico ou no futuro, o boi gordo segue buscando um equilíbrio no jogo travado entre frigoríficos e pecuaristas.
Nesta terça-feira (17/11), os frigoríficos de São Paulo conseguiram derrubar um pouco o preço do boi gordo, após tentativas frustradas observadas no primeiro dia da semana. Segundo dados apurados pela Scot Consultoria, a arroba caiu R$ 3/@ nas praças paulistas, para R$ 287/@, valor bruto e à vista. Qual a próxima jogada para equilibrar o mercado?
A IHS Markit também detectou queda no valor do boi em São Paulo e também em algumas outras praças brasileiras. “As indicações de preços foram nominais em função de um dia esvaziado pela fraca atuação de ambas as pontas”, relata.
Ao longo desta terça-feira, a pressão de baixa foi observada em 18 das 32 praças pecuárias pesquisadas pela Scot. “O fluxo de boiadas ocorre paulatinamente, sinal da oferta restrita e da queda de braço entre pecuaristas e indústrias frigoríficas”, observa a Scot.
Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 286,36/@, na terça-feira (17/11), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 279,89/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 277,59/@.
Ainda segundo os dados informados pela Agrobrazil, os preços na praça de São Paulo, tiveram uma variação de R$ 276,00 a R$ 290,00 por arroba para o boi gordo. Confira no gráfico abaixo:
O Indicador do boi gordo CEPEA/ESALQ fechou a R$ 285,45 nesta terça-feira, ou seja, os preços tiveram uma desvalorização de quase 5%, refletindo um incerto e que, na maior parte, busca um equilíbrio de preços entre oferta e demanda.
Segundo a IHS, hoje foi confirmado a paralisação temporária (férias coletivas) de plantas frigoríficas situadas em importantes regiões pecuárias País, devido à enorme dificuldade em comprar bons lotes de gado gordo.
“Além disso, mesmo que o preço da carne tenha registrado consecutivas altas, a velocidade de transmissão do repasse de custo da indústria não foi suficiente para mitigar o efeito dos preços recordes da boiada gorda, visto que há relatos de plantas operando com margens negativas”, acrescenta a IHS.
O pecuarista também anda cauteloso, continua a consultoria, já que, com o atraso das chuvas neste ano, alguns produtores optaram por retirar o gado do pasto e fazer a terminação dos animais no cocho.
“Os elevados preços das principais rações (milho e farelo de soja) faz com que a ponta vendedora peça preços maiores pelos lotes a fim de cobrir os elevados custos de engorda”, justifica a IHS.
Qual o tamanho do tombo?
Após encostar nos R$ 300 em São Paulo na semana passada, a arroba do boi gordo recuou. De acordo com o analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, os frigoríficos estão sinalizando que as margens operacionais estão muito apertadas pelos patamares atuais, principalmente para as plantas que atendem apenas o mercado doméstico. Algumas indústrias estão reduzindo a capacidade de abate e outras falam até mesmo em férias coletivas.
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Iglesias afirma que a tendência é que a arroba passe por ajustes nos próximos dias, mas diz que não muito espaço para preços abaixo de R$ 280 em São Paulo e de R$ 270 em Mato Grosso do Sul e Goiás, por conta da oferta reduzida até o fim do ano e também pelas exportações aquecidas.
“A oferta é uma variável em que não tem como mexer até o fim do ano. Não teremos a entrada de animais de safra, vamos depender dos confinados. Os embarques têm números muito bons em novembro, com possibilidade de batermos um recorde histórico este mês. São fatores que podem levar a arroba do boi gordo a reagir, talvez a buscar R$ 290 no mercado paulista”, diz.