Pecuaristas que querem melhorar a qualidade da pastagem, mas que não têm vocação ou não querem se aventurar com as lavouras, buscar parceria com agricultores é a solução mais econômica e viável
Segundo pesquisas recentes o rebanho bovino brasileiro cresceu pelo segundo ano consecutivo em 2020. Após dois anos seguidos em queda, houve alta de 1,5% que garantiu a marca de 218,2 milhões de cabeças de gado, segundo maior rebanho da série histórica iniciada em 1974. Com boa parte desses animais criados no sistema extensivo, a pastagem torna-se crucial para o sucesso da fazenda. No entanto, estima-se que mais da metade dos 160 milhões de hectares de pasto no País apresenta algum estágio de degradação.
Diante dessa realidade, os pecuaristas que querem continuar ganhando com a atividade, precisam buscar alternativas para tornarem essas pastagens degradadas em áreas produtivas para o gado. Porém, antes de mais nada é preciso avaliar com especialistas a atual situação dos pastos, se ainda pode ser recuperada ou se somente uma reforma completa é a solução. Caso o nível de degradação esteja muito avançado e for preciso uma reforma completa, uma das alternativas mais rentáveis para os produtores que não tem vocação ou equipamentos para manejar lavouras, é arrendar essas áreas para agricultores.
Segundo a engenheira agrônoma, Andreza Cruz, técnica em sementes da Soesp – Sementes Oeste Paulista, nesta modalidade o arrendatário é quem cuida de todo o processo e do investimento necessário para a reforma do pasto. “Além do investimento inicial alto, esse método exige maquinário e mão de obra para todo o manejo. Além disso, é preciso aguardar a venda dos animais para ter o retorno do investimento, o que pode levar algum tempo. Por tudo isso é que muitos donos de terra apostam no arrendamento para ter a área reformada”, diz.
Como funciona?
O arrendamento funciona exatamente como um aluguel, onde o proprietário cede a sua terra para outra pessoa ou empresa, durante determinado período de tempo. Andreza destaca que é muito importante arrendar para quem tem conhecimento de agricultura e buscar por um contrato bem assessorado, com a garantia dos benefícios para ambas as partes. “Sob a orientação de profissionais capacitados, o trabalho da reforma deve ser bem feito, priorizando o preparo, correção e fertilização do solo para que os animais voltem para a área após cerca de quatro meses”, frisa.
Outro aspecto importante do processo de arrendamento é o contrato, que pode ser integral ou parcial, a depender dos interesses das partes. A prática envolve riscos e incertezas, mas há respaldo da legislação com o Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) que estabelece que os prazos dos contratos de arrendamento dependem do tipo de atividade produtiva e do estado físico da terra.
O acordo feito entre as partes deve ser firmado em contrato com todos os detalhes incluídos. “Isso ajuda a resolver conflitos que futuramente possam ocorrer. Um exemplo são condições adversas de clima, que podem atrasar o plantio e fazer com que o arrendatário precise da área por mais tempo ou que tenha que reduzir a produção, sendo que muitas vezes o acordo de pagamento é com base na produção da área”, explica a engenheira agrônoma.
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Atualmente uma estratégia bastante interessante e consolidada na reforma de pasto, tanto para o arrendatário como para o dono da terra, é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Entre as variadas técnicas de conservação do solo atualmente adotadas, a ILPF ganha importância, principalmente por estimular o uso da terra de uma forma bem mais proveitosa e inteligente.
Independente da técnica de manejo adotada, a agrônoma destaca que sempre haverá interação de outra cultura no sistema, deixando inúmeros benefícios à terra. Já para o produtor e dono, o arrendamento só é interessante quando não há pressa de usar a área novamente, já que ela só será entregue depois da colheita de determinada cultura e o estabelecimento da pastagem.
Busca de parceiros
Aos pecuaristas que desejam fazer arrendamentos de suas áreas e buscam parceiros, uma alternativa é procurar os Sindicatos Rurais de suas regiões. Através do Sindicato Rural de Presidente Prudente (SRPP), por exemplo, que conta com o apoio da Soesp, produtores interessados em terras para produzir riquezas e gerar empregos na região e proprietários de terras que desejam arrendar e promover a reforma de pasto, podem contar com a ferramenta Bolsa Arrendamento.
A iniciativa possibilita o encontro e negociação rural desses agentes, bastando apenas que eles façam um cadastro junto ao Sindicato. Cabe à entidade reunir as duas partes, prestando assessoria jurídica e, havendo entendimento, um contrato é celebrado para a implantação da lavoura nos termos negociados. O cadastro na Bolsa Arrendamento é gratuito e pode ser feito no site