Argentina: Com escassez de ração nas fazendas leiteiras, a produção de leite pode cair de 20 a 35% neste ano

Não sabemos quantas fazendas leiteiras poderão continuar em produção, pois o faturamento vai despencar em um cenário de custos crescentes”.

Uma análise realizada pelo consultor do setor leiteiro, Marcos Snyder, uma das principais referências do setor na Argentina, expôs a possibilidade de que, diante da intensa seca que o país sofre, a produção de leite caia entre 20% e 35% em 2023, frente aos patamares de 10,5 bilhões de litros alcançados no ano anterior. Isso seria equivalente a todo o volume ou mais do leite que vai abastecer os mercados de exportação.

A análise, que pode ser lida no blog DairyLando, começa por relacionar a produtividade das vacas com a sua dieta, que está gravemente ameaçada não só pela falta de pastagens e áreas verdes mas também, argumenta Snyder, pela impossibilidade de muitos produtores em produzir silagem.

“A silagem de milho é a ferramenta mais poderosa que um produtor de leite já teve para aumentar a produção. Diante da necessidade de aumentar a taxa de lotação, as fazendas leiteiras foram crescendo na área plantada com milho para silagem em detrimento da área de pastagem. O milho é a cultura que produz a matéria seca mais digestível por hectare e na hora da colheita, o aproveitamento da forragem passa de 60% do pasto para 90% do silo”, lembra o especialista.

Fonte: Marcos Snyder.

Em seguida, o consultor construiu dois gráficos com a curva de produção de silagem de milho nos últimos anos. A primeira mostra a evolução dos cultivos de silagem para fazendas leiteiras. A segunda reflete como os estoques dessas mesmas safras cairiam em meio a essa forte seca.

Foi nesta altura que o profissional previu que “as coisas vão ficar sérias, muito sérias. Não sabemos quantas fazendas leiteiras poderão continuar em produção, pois o faturamento vai despencar em um cenário de custos crescentes”. E aí lançou: “fazendo as contas, calculamos que em 2023 a produção de leite na Argentina pode cair entre 20 e 35%, muito pior do que em 2016”, quando ocorreu um forte ajuste.

Existem opções? Snyder questiona a mesma coisa e define que a única solução visível é “que comece a chover o suficiente para semear gramíneas e pastagens (que terão de ser semeadas mais do que o necessário para baixar a carga que dependia do silo) e depois que o tempo continue favorável, nem muito lamacento nem muito frio, com boa produção de capim”.

Nas últimas horas, também foi conhecido o preço médio do leite segundo o painel Siglea: deu 74 pesos (US$ 0,36) por litro de leite entregue pelo produtor nas vendas de fevereiro.

Para Snyder, esse valor é insuficiente para enfrentar os custos mais altos dos alimentos. “Também seria imperativo que se normalizasse a relação de preços relativos do leite com os concentrados, e que com 1 litro de leite se pudesse comprar de novo 2 quilos de milho. E que houvesse milho para alimentar as vacas.”

Fonte: Bichos de Campo

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