A projeção inicial de área 3% maior leva em consideração um cenário de preços atrativos para o grão, firme demanda, oferta de fertilizantes…
A área de soja do Brasil está estimada em recorde de 43 milhões de hectares na safra 2022/23, alta de 3% no comparativo anual, mas ainda tem chance de avançar até 6% caso o clima seja favorável para o plantio, disse nesta segunda-feira a consultoria Datagro em sua primeira projeção para a nova temporada.
Trata-se da 16ª expansão consecutiva para a área do maior produtor e exportador global da oleaginosa, ressaltou o coordenador de Grãos da Datagro, Flávio Roberto de França Júnior, durante evento em São Paulo.
A projeção inicial de área 3% maior leva em consideração um cenário de preços atrativos para o grão, firme demanda, oferta de fertilizantes sem maiores problemas e bom nível tecnológico de insumos aplicados na lavoura, apesar dos custos de produção elevados.
“Mas se o clima permitir, a área tem potencial para crescer de 5% a 6%”, disse o especialista.
Com 43 milhões de hectares, a Datagro projetou a produção brasileira de soja em recorde de 151,8 milhões de toneladas, um salto de 20% em relação ao ciclo anterior, quando o país colheu 126,6 milhões de toneladas após problemas com seca na região Sul, de acordo com os números da consultoria.
França alertou, no entanto, que há indicações climáticas de La Niña entre a primavera e o início do verão, trazendo novamente preocupações sobre eventuais secas ao sul do Brasil.
No ciclo anterior, a estiagem que desencadeou uma quebra na safra brasileira de soja foi causada por este fenômeno climático, atingindo em cheio a produção no Paraná e Rio Grande do Sul.
Para o centro-norte do país, a expectativa é de chuvas normais ou acima da média, o que favorece os produtores dos Estados que compõem o Matopiba, por exemplo, Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Na hipótese de uma safra sem gargalos relativos ao clima, a Datagro espera que as exportações de soja alcancem 95 milhões de toneladas, enquanto o processamento interno pode chegar a 50 milhões.
Com isso, os estoques finais poderiam sair de 394 mil toneladas em 2021/22 para 4,8 milhões na nova safra.
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Milho
O coordenador da Datagro disse que o patamar de preços da soja deve ficar um pouco abaixo do ciclo anterior, mas bem acima da média dos últimos anos, o que estimula o produtor a cultivar a oleaginosa no verão em detrimento do milho.
“A relação de preços está favorável para a soja, então vão plantar mais soja e reduzir área de milho”, afirmou.
Desta forma, a área de milho primeira safra tende a cair 2%, para 4,5 milhões de hectares. No entanto, com uma expectativa de melhora na produtividade, a produção pode avançar 3% para 25,8 milhões de toneladas.
A projeção preliminar da consultoria para a produção total do cereal ficou em 120,5 milhões de toneladas, alta de 3%, diante de um avanço de 2% na área total para o recorde de 23,2 milhões de hectares.
Neste cenário, as exportações têm potencial de manter em 2022/23 o nível de 40 milhões de toneladas estimado para 2021/22. No ciclo anterior, os embarques ficaram em torno de 21 milhões de toneladas, após uma quebra causada por seca e geadas no ano passado.