Precificação da soja brasileira em contratos futuros deverá seguir a linha já praticada no mercado americano ; Aprosoja se reúne com representantes para definir precificação da soja.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), se reuniu nesta quarta-feira, 29 de julho, com representantes da CME Group (Bolsa de Chicago) e da B3 (Antiga BM&FBovespa). O objetivo do diálogo é definir a precificação da soja brasileira em contratos futuros, que deverá seguir a linha já praticada pelo mercado americano.
“O Brasil se consolidou como um grande player exportador de grãos. E faz todo o sentido aplicarmos uma metodologia de precificação nacional, espelhado na conduta econômica americana que já possui um histórico bastante interessante”, diz André Dobashi, presidente da Aprosoja/MS.
Segundo Dobashi, o processo de implantação da precificação da soja brasileira nas bolsas está em fase de regulação e amadurecimento.
O representante da B3, Louis Gourban, afirma que a implantação traz maior liquidez na comercialização do grão e um processo mais eficaz. “A intenção é calcular a margem do agricultor em dólar e, sem seguida, converter para reais. Talvez isso traga algumas distorções no início, mas confiamos nos mercados de balcões e tradings para amenizar a situação”, diz.
Assim que definidos os detalhes, Gourban detalha que haverá um processo para informar os produtores rurais. “Vamos contar com uma campanha de marketing e propaganda, que trabalharão junto com um time educacional, para passar os detalhes aos agricultores”. Neste processo as bolsas contarão com o apoio da Aprosoja/MS.
O vice-Presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc, relata que a reunião foi um importante passo de conhecimento. “A composição dos preços de commodities como a soja e milho têm bases de preço em Chicago, compondo o preço final ao produtor esse preço em Bolsa, multiplicado pelo dólar e somado a prêmios dos portos. A criação de uma base de preços brasileira, a médio prazo, pode dar maior segurança ao setor e cria uma possibilidade de fortalecimento dos contratos de commodities sul americanos que produzem hoje 56% da soja mundial”.
Saiba mais: Mercado Americano
A diretora da CME Group e representante da bolsa de Chicago, Susan Sutherland, apresentou durante a reunião alguns aspectos da agropecuária nos Estados Unidos. Entre eles os subsídios fornecidos pelo governo americano.
“Em 2019, com a situação entre EUA e China, os subsídios eram maiores, por conta do decréscimo nas exportações. Mas nesta fase atual, com a China comprando, acreditamos que os subsídios podem diminuir”, diz Susan.
Fred Seamon, atual diretor sênior de produtos agrícolas do CME Group, destacou o papel do Brasil nesse cenário dos grãos, destacando que o EUA pode demorar a retomar o protagonismo.
“Vai demorar para reparar os danos causados por essa briga comercial entre Estados Unidos e China, a ponto dos americanos se tornarem novamente o centro das exportações,” diz.
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Impactos da Covid-19 na indústria pecuária americana
Em relação a pandemia, os americanos deixaram claro na reunião que os maiores impactos envolvendo o agronegócio foi na indústria pecuária.
“A Covid-19 teve impacto direto na carne. Houve fechamento de alguns frigoríficos, o que estimulou problemas no abastecimento. Como as indústrias ficam na mesma região, o vírus fez com que o processamento de carne caísse e isso estimulou uma mudança no mercado. Consumidores que antes exigiam qualidade, passou a demandar o que estivesse no supermercado”, disse Seamon, prevendo que as eleições americanas que se aproximam, não impactará nos valores dos grãos.
Fonte: Portal DBO