Depois de consecutivas quedas desde maio/17, o preço do leite recebido por produtores subiu em fevereiro.
De acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a “média Brasil” líquida (preços sem frete e impostos da BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS) de fevereiro foi de R$ 1,024/litro, aumento de 3,8% (ou de 3 centavos/litro) frente a janeiro. A valorização do leite no campo esteve atrelada à redução na oferta e ao leve aquecimento da demanda.
A captação dos laticínios e cooperativas amostrados pelo Cepea recuou em todos os estados pesquisados. De dezembro/17 para janeiro/18, houve queda de 2,17% no Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) na “média Brasil”. Esse resultado se deve aos baixos preços praticados nos últimos meses, que tem desestimulado produtores a investir na atividade – cenário observado em todo o Brasil, mas especialmente no Sul, onde o leite foi negociado abaixo de um Real por litro.
Além da menor receita, os custos de produção têm se elevado desde outubro/17, em função da valorização do milho. Os preços do concentrado 22% de proteína bruta, principal insumo da atividade leiteira, registraram alta de 3,41% de outubro/17 a janeiro/18, de acordo com levantamento do Cepea.
Outro fator que influenciou a queda da captação em fevereiro foi a estiagem em algumas regiões, que prejudicou a qualidade das pastagens e, consequentemente, a produção. Alguns colaboradores consultados pelo Cepea consideraram, inclusive, um adiantamento da entressafra neste ano, especialmente no Sul do País.
A demanda, por sua vez, dá sinais de reação. Mesmo que na percepção dos agentes o consumo ainda esteja enfraquecido, o mercado tem absorvido as consecutivas altas dos preços dos derivados. Segundo pesquisas diárias do Cepea, o leite UHT negociado entre indústrias e o atacado do estado de São Paulo tem se valorizado continuamente desde a segunda quinzena de janeiro – de lá para cá, a alta acumulada é de 15,7%. Inicialmente, o aumento das cotações foi justificado pelas empresas como uma tentativa em recuperar a margem, que vem sendo espremida desde o ano passado.
No entanto, a manutenção do movimento de valorização, a diminuição das promoções e a menor amplitude de preços sinalizam um reaquecimento da demanda, favorecida pela maior estabilidade econômica.
NOTA: Atendendo às demandas do setor e buscando se manter na vanguarda da geração de dados sobre o mercado lácteo, o Cepea sediou no dia 7 de fevereiro de 2018 um importante encontro com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e com a Viva Lácteos (Associação Brasileira de Laticínios), visando remodelar a metodologia da pesquisa de preços ao produtor. Dentre os temas discutidos, ressaltou-se a necessidade de uma nova forma de coleta de dados, com a regionalização das informações de acordo com o município do produtor e com a estratificação dos dados por faixa de produção.
As modificações na metodologia já começaram a ser estruturadas em fevereiro, devendo ser efetivamente implementadas ainda neste semestre, contribuindo para uma melhor amostragem e representatividade dos dados. Considerando-se os estados de GO, BA, MG, SP, PR, SC e RS e a captação de janeiro (paga em fevereiro), a amostra do Cepea representou cerca de 44% do volume da Pesquisa Trimestral do Leite, do IBGE.
Fonte: CEPEA