Após nove presidentes, obras na BR-163 continuam inacabadas

Segundo um cálculo feito pela Confederação Nacional da Indústria em 2013, a conclusão do asfaltamento da rodovia permitiria uma economia de R$ 1,4 bilhão por ano em custos de transporte

O governo de Michel Temer vai terminar sem a conclusão de uma das mais importantes obras de infraestrutura do País: o asfaltamento da BR-163, conhecida como Cuiabá-Santarém. Essa rodovia, que conecta o centro produtor de grãos aos portos da região Norte, ficou conhecida em todo o país em fevereiro de 2017, quando as chuvas provocaram atoleiros e filas de caminhões carregados de soja. A obra não será concluída até dezembro, segundo admitiu o ministro dos Transportes, Valter Casimiro.

Com isso, Temer será o nono presidente da República a deixar o Planalto sem concluí-la. A lista não conta o ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, que inaugurou a rodovia em 1973, e Tancredo Neves (1985), que não chegou a assumir o cargo. Desde então, a falta de dinheiro, os problemas com contratos e as condições climáticas ruins já superaram a óbvia necessidade de conclusão da obra nos governos de Ernesto Geisel (1974-1979), João Figueiredo (1979-1985), José Sarney (1985-1990), Fernando Collor (1990-1992), Itamar Franco (1992-1995), Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), Lula (2003-2011) e Dilma Rousseff (2011-2016).

Segundo um cálculo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 2013, a conclusão do asfaltamento da BR-163 permitiria uma economia de R$ 1,4 bilhão por ano em custos de transporte. O estudo aponta também que a rodovia inverteria a rota de escoamento das exportações de grão dos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) para os da região Norte. “Tudo o que foi asfaltado até agora já está sofrendo deterioração”, diz o secretário-executivo do Conselho de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso. Além do intenso tráfego de caminhões pesados, o trecho da rodovia mais importante para o escoamento do agronegócio está em uma região de muita chuva. Ele defende que o governo faça um contrato de longo prazo para a manutenção da via.

Depois de mais de 40 anos desde sua inauguração, a BR-163 ainda tem cerca de 100 km de terra. “O trecho que deu problema no ano passado será entregue este ano”, informou Casimiro. “O trecho que está com o Exército, não.”

São perto de 60 km de estrada, na região de Moraes de Almeida (PA), cujas obras foram assumidas pela Força Nacional depois que a empreiteira contratada para o serviço saiu. Essa foi a solução mais ágil para o problema, explicou o ministro. A expectativa é que o asfaltamento desse trecho fique pronto em 2019.

Orçamento

“Não falo como ministro, mas como técnico do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ficarei muito orgulhoso quando vir a 163 e a 319 pavimentadas”, disse Casimiro. A BR 319 liga Manaus a Porto Velho e ainda tem trechos de terra. O governo encaminha ao Congresso, na próxima semana, a proposta de Orçamento para 2019.

O valor prometido não é suficiente para fazer a manutenção de toda a malha rodoviária. O Dnit terá R$ 6,8 bilhões, mas precisaria de R$ 10 bilhões para manter a totalidade das rodovias federais em bom estado e fazer investimentos.

Por Estadão Conteúdo

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