Apesar do atraso das chuvas em MT, MS, GO e Matopiba, expectativa é de volumes adequados mais adiante
Este ano, os produtores brasileiros têm um problema a menos com que se preocupar. Sem a ação do El Niño, que trouxe adversidades climáticas no plantio e na colheita da safra 2015/2016, a expectativa é de condições mais favoráveis para as lavouras de verão.
Desirée Brandt, meteorologista da Somar, afirma que, apesar do atraso, as chuvas devem chegar com frequência e volume adequados na maior parte das regiões do país.
Mato Grosso – No maior Estado produtor de soja do Brasil, pancadas de chuva como as que ocorreram na última semana em Sinop, ao norte, chegando a 90 milímetros, não devem apressar o produtor. “Tem gente esperando chover quando acabar o vazio sanitário, mas não dá para contar com essa chuva. A chuva irá atrasar e, quando vier, vai chegar bem tanto em volume quanto distribuição”, diz Desirée.
Segundo ela, no final de outubro começam, de fato, as primeiras pancadas que depois irão se regularizar. “Este ano também observamos que não terá estiagem que possa atrapalhar o milho safrinha. Diferente do ano passado, quando as chuvas terminaram mais cedo por conta do El Niño”, diz.
Goiás – Algo bem parecido acontece em Goiás, onde também haverá atraso na consolidação das chuvas – previstas para meados de outubro –, sem que haja, no entanto, risco de estiagem prolongada.
Paraná – Nas lavouras paranaenses a safra deve começar acompanhada de solo úmido e chuvas na primavera, sendo que os produtores de milho terão apenas que esperar a temperatura do solo subir um pouco. “Tem quem plante quando a temperatura é de 16°C e outros esperam até chegar a 20°C”, comenta. Diferente da safra passada, quando o inverno foi mais curto e fraco no Estado, este ano pode demorar um pouco mais para esquentar.
“Falhas nas chuvas podem ocorrer de dezembro até janeiro”, ela observa.
Mato Grosso do Sul – Na faixa sul de Mato Grosso do Sul, que tem característica similar aos Estados de PR, SC e RS, pode haver diminuição das chuvas no final de 2016. “Em Dourados, por exemplo, os modelos climáticos sinalizam para um começo de safra com umidade e falha das chuvas no mês de dezembro”, diz a meteorologista da Somar.
Enquanto isso, no norte do Estado, a tendência é mais próxima do comportamento de áreas do Centro-Oeste. “Nessa região de Mato Grosso do Sul, vamos ter atraso na consolidação da chuva que começa a chegar só em meados de outubro”, diz.
Matopiba – Apesar de não encontrar condições ideais para se desenvolver, a safra no Matopiba deve ser melhor do que a que passou. De acordo com Desirée isso acontece em função da não ocorrência do El Niño, que veio forte no ciclo anterior e, ao forçar as chuvas no Sul do país, acabou causando estiagem no Norte.
“Este ano não vai ter seca completa como foi no ano passado. Sem o El Niño, é como se a chuva que atingiu o Sul estivesse liberada para cair nas outras áreas do país”, afirma.
Como em outras regiões, no Matopiba as chuvas também irão atrasar. “Na cidade de Balsas, por exemplo, são esperadas para novembro as primeiras pancadas de chuva, que se consolidam em dezembro”, diz Desirée.
Rio Grande do Sul – Segundo a climatologista, a maior falha de chuvas têm chances de acontecer no Rio Grande do Sul no mês de dezembro. “Períodos de tempo seco podem ser mais prolongados, com possibilidade de estiagens regionalizadas”, diz.
Neste início de setembro já chove no Estado, o que deve continuar com a chegada da primavera. “O solo está bastante úmido e quem vai plantar milho pode plantar desde que tenha temperatura adequada”, afirma a meteorologista.
Autora: Marina Salles reproduzido do portaldbo.com.br