
Os fatores como o custo elevado dos insumos e o preço alto da reposição ainda pressionam a margem do pecuarista.
A arroba do boi gordo tem apresentado forte valorização e, acompanhando essa tendência, o preço do bezerro também registra alta significativa. Apesar do cenário positivo para as cotações, o momento ainda exige cautela, avalia a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). “O elevado número de abates de fêmeas sugere que não há, por ora, confirmação de uma transição para um novo ciclo de alta na pecuária de corte”, diz a federação.
Conforme dados divulgados no Sistema de Inteligência e Gestão Territorial da Bovinocultura de Corte de Mato Grosso do Sul (Sigabov), durante o mês de março/25 foi possível observar a diminuição da escala de abate no estado de Mato Grosso do Sul.
A escala é um termômetro de como está a oferta de animais ao abate, isto é, quando está curta é sinal de redução de oferta.

Nos últimos 12 meses o maior valor da arroba foi em novembro/2024, R$ 319,67, sendo 42% superior a novembro de 2023. Em março/2025 o valor de R$ 294,18/@ foi 36% superior ao valor de março de 2024.
Já nos primeiros dias de abril de 2025, o valor chegou a R$ 311,10/@, o que representa alta de 43% em relação a abril de 2024.
Custos em alta freiam avanço da margem
A elevação no preço de insumos, especialmente o milho – que subiu 13% apenas em março – pressiona os custos de produção, alerta a Famasul.
Em sistemas de engorda, esse item representa entre 10% e 25% do total do custo. A relação de troca entre arroba e milho, que nos últimos 12 meses permitia adquirir 4,65 sacas por arroba, caiu, reduzindo o poder de compra do pecuarista.
Além disso, o alto valor dos animais de reposição também afeta o sistema de recria e engorda. Segundo dados do painel Campo Futuro do MS, o produtor especializado em recria e engorda possui entre 50 e 63% do seu custo relacionado a reposição de animais – quando o preço dos animais de reposição está elevado, como é o caso do ano de 2025, a elevação da arroba do boi gordo pode não ser suficiente para aumentar a margem de lucro do produtor.
O bezerro, por sua vez, apresentou valorização de 31% entre abril/24 e abril/25. O preço de bezerro ao longo desses últimos dez anos (2015 a 2025) apresentou crescimento anual de 7%.
O ápice do valor ocorreu em abril de 2021 (período pandêmico) em que a valorização chegou a 70% na comparação com abril/20. Nos anos que sucederam 2021 (meses de abril de 2022, 2023 e 2024) houve queda, de ano para o outro, de aproximadamente 13%.
“A redução na oferta de bezerros tende a se acentuar até 2026, o que, aliado à demanda aquecida por reposição, sustenta os preços em alta no curto e médio prazos”, aponta a Famasul
Exportações ajudam a sustentar o mercado
Mato Grosso do Sul exporta, em média, 22% da carne bovina produzida. No primeiro trimestre de 2025, foram abatidos 1.082.954 animais, um crescimento de 9% em relação a 2024 e 19% acima da média dos últimos cinco anos.
“Embora os preços estejam em alta, o cenário ainda requer cautela. Fatores como a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, variações climáticas e novas exigências ambientais por parte da União Europeia podem trazer volatilidade ao mercado”.
Por outro lado, observa a Famasul, o Brasil pode se beneficiar de possíveis redirecionamentos de compras internacionais, consolidando-se como fornecedor estratégico.
Fonte: Ascom Sistema Famasul
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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