Estabelecimentos compravam cavalos achados nas ruas da cidade e que eram levados para abate em uma chácara, sem qualquer inspeção veterinária e sanitária!
Operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) desarticulou um esquema de venda clandestina de carne de cavalo se passando por carne de gado para hamburguerias da serra gaúcha. São cumpridos seis mandados de prisão e 15 de busca e apreensão em Caxias do Sul. A operação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – Segurança Alimentar.
A investigação durou dois meses. O esquema funcionava da seguinte forma: uma parte era responsável por procurar cavalos pelas ruas, muitos deles já doentes, que puxavam carroças, para comprar. Feita a aquisição, o animal era levado para uma chácara, onde era abatido.
Carneado, as partes eram vendidas para um comprador que produzia bifes de hamburgueres para vender para lancherias. Nesse local, a carne de cavalo era misturada com carnes de outros animais, como perus e suínos, e os bifes eram vendidos embalados para hamburguerias como se fossem de gado. Algumas carnes com cheiro de podre eram lavadas para serem vendidas como novas.
Os promotores do Gaeco – Segurança Alimentar, Alcindo Luz Bastos da Silva Filho e Mauro Rockenbach investigam o caso há dois meses. Equipes que fazem parte da operação compraram os lanches em duas lancherias da cidade e encaminharam o alimento para análise em um laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura em Goiás.
O resultado do DNA deu positivo para carne de cavalo. Os locais que vendiam os hamburguer com a carne imprópria para consumo são Mirus Burguer e Natural Burguer (unidade do bairro Sagrada Família). Mas, segundo os promotores, há suspeita de comercialização em outras pelo menos cinco hamburguerias de Caxias do Sul.
— Era vendida cerca de uma tonelada de carne imprópria para consumo por semana — conta o promotor coordenador do Gaeco – Segurança Alimentar, Silva Filho, que coordena a operação e cumpre os mandados juntamente com o promotor da Especializada Criminal de Porto Alegre, Mauro Rockenbach.
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São cumpridos mandados na chácara onde os animais eram abatidos, no local onde eram feitos os bifes de hambúrgueres de cavalo com gado e nas hambúrguerias que compravam esses produtos impróprios para consumo, entre outros.
Os crimes investigados são o do Artigo 272 do Código Penal, que é “corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo”, crime contra a ordem tributária e organização criminosa.
As hamburguerias que compravam essa carne ilegal, com valor abaixo do mercado, também serão investigadas. Escutas telefônicas que GZH teve acesso revelam a negociação do esquema criminoso. Conforme o Ministério Público, o grupo não possui autorização para o abate e comercialização de nenhum tipo de carne.
Assim, as atividades de abate, beneficiamento, armazenamento e comercialização vinham ocorrendo sem qualquer fiscalização, o que é essencial para prevenir que carnes sem inspeção de fiscais médicos veterinários sejam consumidas pelas pessoas.
Investigando os estabelecimentos
— Da análise dos celulares apreendidos, também verificamos, de forma preliminar, outras negociações bem recentes por parte de estabelecimentos de Caxias do Sul, mas são circunstâncias que terão que ser melhor comprovadas — disse o coordenador do Gaeco – Segurança Alimentar.
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Segundo o MP, as hamburguerias não são tratadas como vítimas, pois elas sabiam que compravam carnes clandestinas e sem as devidas práticas sanitárias. Os hambúrgueres encontrados nessa manhã não tinham embalagem, informações ou datas de fabricação e validade. Eram somente envoltos em plásticos. Contudo, ainda não há provas de que os estabelecimentos sabiam que esses hambúrgueres continham carne de cavalo misturada com a de gado.
— Não sabemos se estavam dentro do esquema (de adulterar as carnes), mas vítimas também não são. No momento que adquirem alimentos que necessitam de atenção redobrada, pois vai serão entregue ao público em geral, é evidente que precisam comprar produtos inspecionados. É o básico do básico. Nota fiscal não existe nenhuma. É totalmente clandestino, sem rotulagem ou validade. O conhecimento ou não da composição da carne de cavalo é outro ponto que investigamos, mas é certo que estavam tentando obter alguma vantagem — salienta o promotor.
Com informações da GZH