Falta de boi garante arroba firme, mesmo com menor demanda interna; Mercado registra poucos negócios, refletindo escassez de gado e cautela da indústria.
O mercado do boi gordo abriu a semana com preços firmes nas principais praças brasileiras, mas com baixa liquidez nos negócios. “As indústrias atuam com cautela, avaliando os resultados das vendas de carne no final de semana para traçar qual será a estratégica de compra de gado para os próximos dias”, destaca a consultoria IHS Markit.
Na avaliação do médico veterinário Hiberville Neto, analistas da Scot Consultoria, é provável que, no curto prazo, o mercado do boi gordo siga em patamares firmes. A abertura gradual de restaurantes e outros pontos de venda da carne no País pode garantir um mercado pecuário um pouco mais movimentado nas próximas semanas, prevê o analista.
Os pecuaristas, por sua vez, seguram como podem a mercadoria, especulando preços mais altos pelo gado terminado diante do avanço o período de entressafra e, consequentemente, a menor disponibilidade de animais para abate.
No entanto, a atual pressão altista na arroba encontra limitações no fraco desempenho do consumo doméstico de carne bovina. Segundo a IHS Markit, nesta segunda quinzena de julho, quando a população dispõe de menor poder aquisitivo, a demanda por proteínas nos grandes centros urbanos segue abaixo dos níveis esperados, impactada também pela menor confiança dos agentes econômicos, frente ao alto nível de desemprego País.
As exportações de carne bovina, porém, continuam em ritmo forte, sobretudo para o mercado da China, o maior comprador dos frigoríficos brasileiros.
No atacado, o escoamento dos principais cortes bovinos se manteve lento durante o último final de semana e os preços ficaram lateralizados.
Fechamento na Agrobrazil
O fechamento do indicador do Cepea fechou na contra-mão do mercado, valendo R$ 215,30/@, uma queda de 7%. No app da Agrobrazil, a média pra a praça de São Paulo ficou em R$ 221,60/@, com preços variando de R$ 220 a R$ 225.
No mercado interno, em Anaurilândia/MS, o preço informado, para novilha gorda, foi de R$ 210/@ com prazo de 15 dias e abate para o dia 22 de julho. Em Santa Mônica/PR, o preço informado foi de R$ 210/@ à vista e abate para o dia 22 de julho.
O boi padrão exportação, em Carneirinho/MG, o preço informado foi de R$ 225 a prazo com 20 dias e abate para a data de 24 de julho.
Giro pelas praças
As cotações do gado gordo registraram leves ajustes positivos nesta segunda-feira no Mato Grosso, sustentados pela atuação de plantas exportadoras, que mantém os abates regulares, atendendo ao avanço da demanda externa.
Em Goiás, o preço da vaca subiu. A oferta restrita de gado na região tem emplacado forte pressão altista nas cotações, informa a IHS Markit. “Com dificuldades para repassar esses altos custos para os preços dos cortes nos atacados, as indústrias optam por adquirir mais fêmeas, que tem um valor menor em relação ao macho”, observa a consultoria.
Os negócios de boiada gorda também foram realizados a valores mais altos nas praças do Pará. A valorização da arroba se deve à dificuldade para encontrar grandes lotes de animais terminados no Estado.
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Atacado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina seguem firmes. Conforme Iglesias, no entanto, a tendência de curto prazo remete a um menor espaço para reajustes, com o consumidor médio descapitalizado na segunda quinzena do mês. “Já para a segunda quinzena de agosto, há um maior otimismo, com o reforço na demanda representado pelo Dia dos Pais”, diz Iglesias.
Com isso, a ponta de agulha continuou em R$ 12,10 o quilo. O corte dianteiro seguiu em R$ 12,65 o quilo, e o corte traseiro permaneceu em R$ 14 por quilo.