Os pecuaristas e analistas já começam a ver uma luz para o mês de junho, com uma retomada das valorizações da arroba sendo antecipadas junto a entressafra!
As variações negativas quem vem assolando o mercado do boi gordo já começam a dar sinais de que, talvez, a denominada “derramada dos preços do boi” possam ser o primeiro sinal de que a valorização da entressafra pode chegar antes. Segundo as informações obtidas, já a regiões onde a oferta começou a dar sinais de estar próximos do fim.
Outro ponto de suma importância, mas pouco falado ainda, é a intenção de confinamento para o primeiro giro, que tem se mostrado mais tímida do que o esperado. Já anunciado, aqui no Compre Rural, a partir de meados de junho, devemos observar uma alta de até R$ 10/@ nas praças paulistas. Confira abaixo as análises!
Não há informações claras se os frigoríficos estão comprando bons volumes aproveitando as ofertas baixas que estão fazendo – os grandes talvez não mesmo, já que até alongaram as escalas de abate para cerca de 10 dias -, mas a sobra de animal pronto pode estar caminhando para o fim. Seria esse um esboço de uma antecipação da entressafra do boi?
A semana abriu como de costume, com uma queda nas cotações que, já terça-feira, acabou sendo recuperadas. Segundo o Cepea, no fechamento do dia 24, ele estava cotando o boi gordo em São Paulo a R$ 314,15, uma alta de 2,93% na comparação diária.
Mas a realidade está mais embaixo. No Norte paulista não tem boi comum valendo mais de R$ 290 e vaca a R$ 270, diz o produtor Juca Alves. “Desse jeito, logo mais vai apertar, lá pelo meio de junho já não vai ter tanta oferta”, diz ele, lembrando que o “desespero” de agora do pecuarista é tradicional: “Não aguenta uma baixa a sai vendendo”, disso o produtor ao Money Times.
O pasto secou muito rápido, “aliás as pastagens vieram fracas do ano passado”, e com o frio todo mundo saiu vendendo. Se há uma vantagem é que a reposição caiu de preço também. Ou seja, vende boi barato mas compra bezerro mais barato, embora boi magro está começando a faltar, nota Alves.
Os preços, segundo a Scot Consultoria, na praça paulista, tem uma reposição cotada a R$ 2.950,00/cab, R$ 3.300,00/cab e R$ 4.120,00/cab para as categorias do Bezerro, Garrote e Boi Magro, respectivamente. A relação de troca é uma das melhores até o momento, mas a escassez de boi magro coloca em cheque o volume de animais confinados.
Diante do exposto acima, devemos encontrar uma arroba mais valorizada com a entrada da entressafra do boi gordo. Segundo os analistas, e também com a visão do mercado futuro, os preços podem subir até R$ 15,00/@, considerando um cenário otimista. Ressaltamos, também, que a China deve retirar os embargos nas próximas semanas, trazendo para a compra importantes indústrias pelo país.
Aumento de custo reduz intenção de confinamento em MT
O custo do confinamento em 2022 está 38% maior do que o registrado em 2021 e passou de R$ 12,59 por cabeça por dia (cab/dia) para R$ 17,42 cab/dia. O reflexo disso está na queda acentuada nas intenções de confinar, que reduziu 19% no comparativo de abril/22 com o mesmo mês do ano passado e 36,7% em comparação com o consolidado no ano passado. Os dados são do 1º levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Em números, em abril deste ano, os pecuaristas apontaram que pretendem confinar 529,9 mil animais. Em abril de 21, este valor estava estimado em 661,4 mil. Mas, no final do ano, o balanço foi de 837,7 mil animais terminados no cocho em Mato Grosso.
Para o diretor técnico operacional do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), Bruno de Jesus Andrade, ano passado, as projeções de preço para o boi gordo apontavam um cenário lucrativo aos confinadores, algo que não acontece neste momento.
“Ao analisar o preço futuro do boi gordo, temos arroba cotada a R$ 330 no mercado futuro, o que representaria uma arroba a R$ 330 em Mato Grosso. Com o custo estimado de R$ 340 por arroba produzida, resultando numa margem negativa”, explica Bruno Andrade.
De acordo com o analista, os insumos para a nutrição animal são os que mais impactaram no aumento de custos, como o custo do milho, utilizado como ração, e dos chamados núcleos adicionados na dieta bovina.
Segundo o levantamento do Imea, além do custo dos insumos, a arroba do boi gordo e o preço dos animais para reposição estão entre os fatores decisivos para redução no volume de animais confinados.
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Alternativa
Bruno explica que, em ano com cenários de incertezas e alta nos custos produtivos, os produtores podem recorrer a ferramentas mais baratas, como intensificação de pastagens.
“De maneira geral, sempre é mais vantajoso o produtor iniciar o processo de intensificação com investimentos nas suas áreas de pastagens. Com isso, há uma melhoria na produtividade e ele envia para o confinamento ou semi-confinamento um animal melhor acabado, reduzindo o tempo de intensificação no cocho e os custos. Dependendo da qualidade das áreas, é possível fazer a terminação a pasto”.