Ano marcou saída definitiva dos problemas no milho causados pela pandemia

Com a regularização da distribuição internacional, mesmo com a continuidade da guerra na Ucrânia, o fluxo de mercadorias foi reestabelecido e o abastecimento global também.

O ano de 2023 foi marcado pela saída definitiva dos problemas causados pela pandemia de covid-19. De acordo com o analista de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, o excesso de preços nas commodities registrados ao longo de 2022 ofereceu espaço para uma reacomodação, mesmo que ainda em patamares acima dos níveis históricos.

Segundo Molinari, com a regularização da distribuição internacional, mesmo com a continuidade da guerra na Ucrânia, o fluxo de mercadorias foi reestabelecido e o abastecimento global também. Assim tanto insumos quanto grãos puderam voltar a ter um fluxo mais rápido de atendimento da demanda.

O analista ressalta que nem mesmo as perdas recordes na safra de milho na Argentina e uma pequena perda na produção nos EUA foram suficientes para evitar uma acomodação de preços internacionais. É importante salientar a difícil situação da economia chinesa, o dólar forte e a demanda se realinhando com juros altos. Esses fatores pesaram também no mercado de commodities.

Primeiro semestre foi marcado pela perda de força nos preços do milho

O analista relembra que o começo de 2023 foi marcado por preços do milho bastante altos no ambiente internacional, com a Bolsa de Chicago operando acima de US$ 6,00 por bushel e o mercado interno com valores entre R$ 85,00 a R$ 90,00 por saca, oferecendo boas condições de preços.

Mas uma safra recorde de soja no Brasil forçou a busca pelo espaço na logística e as cotações do milho acabaram sendo pressionadas por um movimento de venda por parte dos produtores. “Este fator iniciou um processo de baixas internas no milho, que culminou com a entrada de uma safrinha recorde e mais pressões de venda por espaço na logística”, destaca.

Molinari comenta que ainda havia a questão de clima nos Estados Unidos. Após o tradicional ciclo climático no Meio-Oeste, os preços na Bolsa de Chicago também cederam com a colheita norte-americana e o mercado interno brasileiro viu uma queda de preços de quase 50% em relação a 2022. “Pode-se dizer que a primeira metade do ano foi marcada por um ajuste de preços diante da chegada de safras recordes”, pontua.

Com safrinha recorde, Brasil focou na exportação no segundo semestre para escoar excedentes

O Brasil, com uma colheita recorde de milho safrinha, de quase 100 milhões de toneladas, procurou a exportação como alternativa de escoamento dos excedentes e o tom do mercado interno foi o preço dos portos. Após embarques tímidos no primeiro semestre, o país aproveitou o espaço deixado pela Argentina, após a quebra na safra, e passou a atender uma demanda adicional que não foi preenchida pelo país vizinho.

Com a reacomodação dos preços da Bolsa de Chicago para US$ 4,50 por bushel, diante de uma safra muito positiva nos Estados Unidos, mesmo com problemas de clima, os preços nos portos no Brasil também recuaram e pressionaram as cotações internas.

No que tange à Ucrânia, mesmo com a manutenção da guerra com a Rússia, o país procurou caminhos alternativos de escoamento da produção e seguiu exportando bons volumes de milho e trigo.

Já os Estados Unidos, com dificuldades no calado do Rio Mississipi, apresentaram um início difícil nas exportações. Porém, com a redução nos embarques pelo Brasil no fechamento do ano, as vendas dos EUA começaram a se recuperar. Mesmo assim, Molinari afirma que o Brasil deve finalizar o ano com exportações elevadas, de 53,945 milhões de toneladas, tendo como principal destino a China, ainda que o país asiático deva colher uma safra recorde.

Fonte: Agência Safras

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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