Angus: preto não é igual a preto

Retomada do cruzamento industrial deu um verdadeiro upgrade na qualidade do rebanho nacional, confira detalhes desse novo modelo de negócio.

Pecnética

São dezenas as marcas de carne que pagam bônus entre 2% e 10% a quem entregar uma composição sanguínea meio-sangue Angus, maciez, rendimento e acabamento de carcaça. Tamanha recompensa levou a uma corrida frenética por sêmen do taurino britânico. Entretanto, para muitos pecuaristas, basta o sêmen ser “preto” para ser bom. E não é assim que a roda gira.

Note a foto de abertura. O leitor enxerga três touros iguais? Outro belo exemplo, segundo meu competente amigo e assessor técnico Fernando Velloso, são três dos reprodutores Angus mais utilizados atualmente.

Diria a vocês que OCC Headliner (Líder), SAV Resource e Sitz Upward 307R (Upward) têm em comum só a cor. Entre o primeiro e o terceiro existe uma diferença aproximada de 286 kg de peso vivo e 1,2 pontos de frame. É uma distância elástica e ocorre pela enorme variabilidade da raça.

Os primeiros relatos sobre o Angus datam do século XVI e nos EUA, origem de 70% do sêmen importado (Index Asbia 2015), o porte do animal já variou de “porquinho” a “girafa”. Hoje é comum encontrarmos porte moderado.

Sem considerar os riscos de partos distócicos, não necessariamente touros grandes garantem maiores rendimentos de carcaça. É o caso de Resource.

Ele está abaixo da média para altura ao ano, mas é top 1% em peso de carcaça (PC). PC ou ainda WC (Weight Carcass) no sumário americano é outro atributo importante a se observar.

Como avaliar tamanho nos sumários americanos

De acordo com Velloso, a informação de altura mais importante nos sumários dos EUA é a Altura ao Ano (AA) porque é a dep que estima o tamanho médio dos filhos produzidos pelo touro. Na sigla em inglês, ela aparece como YH (Yearling Heigth).

Animais muito próximos a 0.0 são pequenos, 0.3 são médios e 0.6 a 1 são grandes. No Brasil, é diferente.

“O Sumário Brasileiro da Raça Angus apresenta a avaliação do tamanho em escores visuais, atribuindo notas de 1 a 5, sendo que 1 é o menor animal do grupo contemporâneo e 5 o maior”, explica Velloso.

+Deps que ajudam a escolher um touro

Como diz Daniel Carvalho, gerente de Produto Corte da CRI Genética, touros diferentes geram bezerros de peso, tamanho, metabolismos e requerimentos nutricionais distintos. Além das deps de altura, o executivo sugere atenção às de peso à desmama, peso ao ano e gordura. Mais peso e menos gordura indica que o touro é “crescedor”; peso moderado e mais gordura é precoce para terminação e abate.

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