Conforme observado pelo analista e consultor da Safras & Mercado, Paulo Molinari, as perspectivas para o mercado de milho não são favoráveis, tanto no Brasil quanto no exterior.
De acordo com as observações feitas por Paulo Molinari, analista e consultor da empresa Safras & Mercado, durante uma apresentação realizada no segundo dia da 7ª edição do evento Safras Agri Week, as exportações brasileiras de milho estão em declínio em 2024.
Molinari destacou que a Argentina está ampliando sua participação no mercado global de exportação, adotando uma abordagem mais agressiva, o que está resultando na redução da demanda pelo milho brasileiro.
Ele prevê que, devido a essa dinâmica, as exportações de milho do Brasil no primeiro semestre deste ano podem ser limitadas a cerca de 1,5 milhão de toneladas, representando uma queda significativa em relação às quase 6 milhões de toneladas exportadas no ano anterior.
Além disso, Molinari observou que as flutuações cambiais continuam a oscilar entre R$ 4,80 e R$ 5,20 por dólar, sugerindo que se o câmbio permanecer abaixo de R$ 4,90 ao longo do ano, os agricultores deveriam considerar a oportunidade de adquirir insumos e fertilizantes para o próximo ano.
No mercado interno, há indícios de que o fenômeno La Niña poderá afetar o padrão de chuvas na primavera, o que poderia resultar em atrasos nas safras e, consequentemente, influenciar nas especulações do mercado.
Quanto aos Estados Unidos, as previsões apontam para condições climáticas normais durante o período de plantio do milho, previsto para maio e junho. No verão, até o momento, a expectativa é de um clima estável nos principais estados produtores, como Iowa e Illinois, o que não deve causar grandes flutuações nos preços do cereal.
Apesar dos desafios climáticos enfrentados pelos agricultores norte-americanos no ano anterior, Molinari ressalta que ainda assim foi registrada uma safra recorde de milho.
O especialista destaca que, ao longo de 2024, o panorama para o mercado de milho não é otimista para os produtores, tanto no Brasil quanto no cenário global.
Ele observa que as precipitações recentes têm sido bastante favoráveis para as safrinhas nas regiões do Matopiba, em grande parte do Mato Grosso, em Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Apenas em áreas como Rondonópolis, no centro-sul de Mato Grosso do Sul, e no noroeste do Paraná, as plantações não receberam chuvas adequadas nos últimos 30 dias. No geral, a situação é positiva para as safrinhas.
Molinari relata que o Brasil deve iniciar a colheita da safrinha de milho mais cedo, em maio e junho, ao invés de julho a setembro, como nos anos anteriores. Isso reduz a pressão climática sobre as lavouras. Consequentemente, o país precisará exportar pelo menos 45 milhões de toneladas de milho neste ano para garantir o abastecimento, mesmo com uma safra prevista menor em comparação com o ano passado, estimada em quase 126 milhões de toneladas pela Safras & Mercado.
No mercado internacional, Molinari indica que a Bolsa de Chicago estará agora mais sensível ao tamanho da safra nos Estados Unidos e às variações no preço do petróleo, especialmente devido à continuidade do conflito na Ucrânia, que afeta a região do Mar Negro.
Ele destaca que os preços em Chicago estão próximos da média usual de US$ 3,80 e podem cair ainda mais, dependendo do tamanho da safra americana.
Há uma tendência de redução na área plantada com milho nos EUA, de 94,6 milhões de acres para 92 milhões de acres, de acordo com as expectativas dos produtores. Essa diminuição leva em consideração a preferência atual pela soja em detrimento do milho, devido a uma relação de troca mais vantajosa para a soja no país neste momento.
“Se a área plantada com milho nos Estados Unidos ficar significativamente abaixo de 91 milhões de acres, podemos esperar algum suporte nos preços. Caso contrário, o cenário continuará sendo de baixa para as cotações”, conclui Molinari.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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