Análise genômica é nova aliada na seleção da raça Mangalarga

A engenharia genética permite, por exemplo, trazer embriões acasalados a partir do algoritmo que simula a endogamia genômica de cada um dos produtos que vai nascer

O Haras Tarlim é referência dentro da pecuária seletiva nacional, entre outros motivos, por seu forte compromisso com a inovação. Afinal, com o intuito de aprimorar de forma constante seu trabalho de seleção de equinos da raça Mangalarga, o criatório busca investir nos mais recentes avanços da biotecnologia e nas mais modernas técnicas de reprodução animal.

Em 2018, por exemplo, o leilão anual promovido pelo haras fez história na equinocultura nacional ao ser o primeiro evento do gênero a realizar a comercialização de um clone equino. Este ano, numa iniciativa também sem precedentes no mercado equestre brasileiro, o criatório voltou a inovar, disponibilizando a análise genômica de seu plantel para os criadores que participaram do 6º Leilão Haras Tarlim Mangalarga, do Leilão Tarlim de Embriões e do Leilão Tarlim de Potros, todos realizados no fim de fevereiro dentro da programação do Tarlim Weekend.

“Numa iniciativa inédita, os animais que participaram dos leilões foram todos submetidos aos estudos genômicos, com o objetivo de dar segurança ao investidor e, acima de tudo, proporcionar capacidade de predição, de se antecipar e identificar nos indivíduos as características que ele gostaria de fixar no plantel. Dessa maneira, os criadores tiveram à sua disposição as informações todas abertas, com amplo apoio da tecnologia e com muito respaldo da genômica, que, aliás, tem lastreado o nosso trabalho”, explica Fernando Tardioli, titular do Haras Tarlim.

A engenharia genética permitiu, por exemplo, trazer ao Leilão de Embriões ventres acasalados a partir do algoritmo que simula a endogamia genômica de cada um dos produtos que vai nascer, ao mesmo tempo em que apontou essa característica em todos os indivíduos que foram comercializados no 6º Leilão Tarlim.

Já para o Leilão de Potros, uma geração inteira foi submetida à análise genômica, somada a uma criteriosa avaliação intra rebanho, o que possibilitou a comparação precisa de todos os indivíduos e garantiu ao investidor a possibilidade de visualizar características de destaque de cada potro, podendo assim identificar aquelas que deseja somar e fixar em sua tropa.

Foto: Haras Tarlim

Endogamia genômica

Para o médico veterinário Fernando Garcia, doutor em reprodução animal e responsável pelo trabalho de análise realizado no Haras Tarlim, a genômica é uma importante ferramenta para o criador, vindo se unir à sua capacidade de observação e intuição. Ainda de acordo com o especialista, que integra o conselho científico da Agropartners Consulting, instituição especializada no desenvolvimento de projetos de genômica voltados ao agronegócio, a endogamia também é uma forma de seleção, uma vez que o conhecimento da endogamia dos indivíduos auxilia bastante no direcionamento dado à criação.

“Quando você tem um animal muito bom, ele vai manifestar toda a sua prepotência quando você o usa mais vezes no pedigree. Então, o animal mais endogâmico é aquele que tem no seu pedigree quatro ou cinco gerações de um mesmo animal. Antes de surgir a tecnologia genômica, a gente não conseguia monitorar, a gente só podia estimar de uma forma teórica, sabendo que a gente ganha um pouco da mãe, um pouco do pai, e se você for andando para trás no pedigree, vai reconstruir esse pedigree. Hoje, entretanto, existem técnicas que analisam até 40 mil pontos do DNA. Com esses pontos a gente faz uma análise muito fina de mapeamento e assim é possível ver quais as regiões que estão realmente endogâmicas”, esclarece Fernando Garcia.

O médico veterinário explica ainda que endogamia é a existência de uma cópia idêntica em um pedacinho do cromossomo que veio tanto do pai como da mãe. “Elas são idênticas justamente por que lá atrás elas tinham antecedentes com essa característica. O monitoramento preciso permite que seja feita uma seleção, seguida por acasalamentos que visem ter o melhor da endogamia e evitem o pior da endogamia, que são os defeitos genéticos. O índice de endogamia genômica de cada indivíduo pode variar desde muito pouco, como 1%, até alta endogamia, de 20% ou mais. Com essa informação, os criadores podem fazer melhores acasalamentos, esse é o nosso grande objetivo nesse trabalho.”

Realizado entre os dias 26 e 28 de fevereiro, o Tarlim Weekend movimentou uma receita total de R$ 8.260.840,00, contando com três leilões voltados à excelência genética do cavalo Mangalarga e outros dois remates direcionados à excelência genética do gado Nelore. Durante o evento, os compradores e demais interessados podiam verificar, por meio da tecnologia QR Code disponível nos catálogos dos leilões, a análise genômica de cada equino ofertado.

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