Guerra na Ucrânia fez preço de commodities disparar, afetando desempenho de ações na bolsa e influenciando na queda do dólar.
A desvalorização do dólar ante o real já passa de 15% neste ano. Esse movimento afeta desde quem pretende viajar para o exterior até a definição de preços na economia. As ações na bolsa de valores não escapam desses efeitos.
Normalmente, em cenários como este, empresas que recebem rendimentos na moeda americana ficam mais expostas, já que, quanto menor o valor dólar, menos dinheiro elas ganham na conversão para o real. Os principais exemplos desse grupo ficam no setor de commodities. Atualmente, porém, com os valores desses insumos pressionados no exterior, o efeito da queda do dólar tem sido mais brando.
Para Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, é necessário fazer uma “conta dupla”, considerando câmbio e preço das commodities, para entender o desempenho que esse tipo de empresa vem tendo na bolsa. “Um pode neutralizar ou compensar o outro, mas costuma ter uma aderência grande com as oscilações de dólar, em especial as mais profundas”.
Evolução da taxa de câmbio em 2021 e 2022
Ricardo Campos, CEO da Reach Capital, afirma que a análise da influência do dólar nas ações acaba sendo mais difícil devido à combinação de causas para uma determinada queda ou alta. Há o impacto da moeda, mas também de medidas como taxa de juros, preço de commodity, desempenho da economia do país, investimentos estrangeiros e o cenário político-fiscal, além de questões de cada empresa.
Para ele, é o que explica agora um cenário oposto ao esperado, em que os efeitos da queda do dólar, positivos ou negativos, têm sido limitados na bolsa devido às consequências da guerra na Ucrânia.
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Influência tradicional
Considerando o grupo de ações de commodities, o segmento que costuma melhor refletir a variação da moeda é o de papel e celulose, com a Klabin e a Suzano como maiores representantes no mercado de ações brasileiro. Por serem altamente dependentes de exportações, acabam sendo as que mais refletem variações no dólar.
Para Serra, o setor da bolsa que mais costuma ganhar com a queda da moeda norte-americana é o aéreo, já que os aviões consomem grande quantidade de querosene, cotado em dólar. Além disso, o real valorizado incentiva as pessoas a viajarem mais ao exterior. Com isso, ações de turismo também costumam ser beneficiadas.
Além das aéreas, Serra avalia que qualquer empesa que importa grande parte dos seus insumos, e, portanto, faz compras em dólar, é beneficiada pela queda da moeda devido à redução de custos, caso dos setores de laboratórios e algumas fabricantes de medicamentos.
Dentre esses setores importadores, Campos, da Reach Capital, cita também as empresas de telecomunicações, supermercados e de bebidas. Já bancos, o setor de educação e empresas de energia costumam ser pouco afetados por variações na moeda. “No caso das empresas de bens de capital, depende se exporta mais ou mais importa. A Weg e a Iochpe-Maxion, por exemplo, tem a maior parte da produção exportada, então é ruim para elas”, diz.
Fonte: CNN