Alimentos transgênicos: são eles os vilões da agricultura brasileira?

Claro, que todo produto que passa por alguma alteração genética pode gerar impactos no organismo e no meio ambiente, contudo, os transgênicos oferecem muito mais benefícios – tanto é que o Brasil ocupa a segunda posição entre os maiores produtores mundiais, atrás somente dos Estados Unidos.

Uma das polêmicas relacionadas à agricultura são os alimentos transgênicos. Pois, desde a escola somos ensinados que produtos agrícolas geneticamente modificados apresentam riscos e malefícios para a saúde e para a agricultura. Mas será que isso é verdade?

A resposta mais curta para a pergunta é: não é bem assim. Claro, que todo produto que passa por alguma alteração genética pode gerar impactos no organismo e no meio ambiente. Contudo, os transgênicos oferecem muito mais benefícios – tanto é que o Brasil ocupa a segunda posição entre os maiores produtores mundiais, atrás somente dos Estados Unidos. E, os produtos em destaque são a soja, milho, algodão, feijão e cana-de-açúcar.

Pensando em desmistificar o assunto, hoje trazemos um panorama geral sobre a produção de transgênicos, seus benefícios e a relação com a agricultura brasileira. Boa leitura!

O que são alimentos transgênicos?

Alimentos transgênicos são oficialmente classificados como organismos geneticamente modificados (OGMs). Isso quer dizer que eles são produtos gerados a partir de alterações no DNA de plantas feitas em laboratório. 

Sendo que, essas alterações têm como intuito criar ou reforçar as características de determinada espécie. Como, por exemplo, torná-la mais resistente às condições climáticas de uma região.

E, apesar de os primeiros experimentos e pesquisas sobre a transgenia terem sido conduzidos ainda na década de 1970, a produção e comercialização em maior escala só começou em 1994. Foi nesse ano que a empresa norte-americana Calgene deu início à venda do tomate “Flavr Savr”, modificado para ter uma vida útil prolongada. 

Diante da inovação e do potencial da técnica, ela logo se expandiu por todos os lugares do mundo – inclusive o Brasil, onde chegou em 1998 por meio da soja transgênica produzida pela Monsanto (que era resistente ao herbicida glifosato).

Desse modo, é importante notar que há uma diferença entre transgenia e melhoramento genético. Pois, a transgenia é uma técnica relativamente recente, executada em laboratório e que altera partes específicas do DNA de uma planta. E o melhoramento é uma prática secular na qual os produtores fazem o cruzamento entre duas ou mais espécies com as características que querem propagar nas gerações posteriores. 

Ou seja, apesar dessa diferença, fica claro que a biotecnologia já está atrelada à agricultura há muito tempo.

A produção de transgênicos no Brasil

O Brasil está entre os maiores produtores de alimentos transgênicos do mundo, com foco em soja, milho, algodão, cana-de-açúcar e feijão. Para você ter ideia, na safra 2022/2023, cultivamos o equivalente a 56,9 milhões de hectares com lavouras transgênicas. Isso equivale a quase 30% da área de produção em escala global (de aproximadamente 190,4 milhões de hectares).

E mais: o sucesso da técnica na agricultura brasileira é tamanho que as variedades transgênicas cultivadas aqui equivalem a mais de 90% do total de todas as principais espécies de commodities.

Benefícios da produção de transgênicos

Alimentos transgênicos: são eles os vilões da agricultura brasileira?
Foto: Divulgação

Passados 30 anos desde o início da comercialização de alimentos transgênicos no mundo, hoje temos uma noção clara dos benefícios desse tipo de modificação genética. O que não quer dizer que ela não seja alvo de certas críticas, como veremos mais adiante.

Começando pela parte positiva, temos as seguintes vantagens:

Resistência a pragas

Um dos principais benefícios da produção de alimentos transgênicos é a maior resistência a pragas. Já que parte das modificações genéticas é pensada para tornar as plantas menos dependentes de pesticidas químicos (que, por si só, já são um problema e tanto). Por consequência, surgem também menos riscos à saúde de quem consome os produtos finais.

Aumento da produtividade

    O aumento da produtividade está entre as consequências diretas da resistência às pragas proporcionada pelas modificações genéticas. Afinal, plantas menos suscetíveis aos efeitos de insetos e outros agentes nocivos conseguem se desenvolver melhor, o que reduz a perda nas lavouras. No fim das contas, mais alimentos chegam às prateleiras dos mercados e às mesas dos consumidores.

    Alimentos com maior valor nutricional

    Outra vantagem da transgenia está no aumento do valor nutricional dos alimentos. Este é um daqueles pontos sensíveis e que rendem críticas de pessoas contrárias à modificação genética. Porém, não dá para negar que a possibilidade de enriquecer o que comemos com vitaminas e outros nutrientes é empolgante! Um exemplo é o arroz dourado, rico em betacaroteno e capaz de suprir deficiências em vitamina A. Ou seja, é muito bem-vindo em países subdesenvolvidos, por exemplo.

    Preservação do meio ambiente

      A produção de alimentos transgênicos pode fazer bem ao meio ambiente! A conta é simples: quanto menor é o uso de pesticidas e outros agrotóxicos, menos os agricultores são forçados a degradar o solo e desperdiçar água e demais recursos para manter suas lavouras saudáveis. E isso está presente até em pequenas ações, como a menor dependência de equipamentos que funcionam à base de combustível (um dos grandes vilões da preservação ambiental).

      Alimentos mais duradouros

        Como a norte-americana Calgene fez com o tomate “Flavr Savr” ainda em 1994, é possível modificar alimentos para prolongar sua vida útil. Isso poderia ajudar a combater o desperdício e, de forma mais indireta, a fome.

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        Infelizmente, a produção de transgênicos também tem suas críticas, como os pontos associados à saúde e ao meio ambiente. Embora, como dissemos acima, já tenhamos noção clara de que esses produtos fazem bem.

        Porém, a questão é que não há tantos estudos que comprovem completamente a segurança dos transgênicos em longo prazo. Grandes agentes e instituições, incluindo o Greenpeace, alertam para a possibilidade de alergias e reações adversas

        Outro ponto sensível está na suposta perda de biodiversidade. Uma vez que a produção de transgênicos pode criar monoculturas mais sujeitas à ação de pragas e doenças.

        Nesse sentido, a produção de alimentos geneticamente modificados no Brasil é regida por uma série de normas e regulamentações. Por exemplo, antes da comercialização, esses alimentos passam por avaliações e regulamentações de órgãos e grupos competentes – a Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Isso quer dizer que só chegam às prateleiras dos mercados produtos que estão dentro das regras do país.

        Alimentos transgênicos: vilões ou heróis?

        Apesar de gerarem certos medos e preocupações válidos em termos da saúde do consumidor e do meio ambiente, não podemos negar que os alimentos transgênicos representam uma inovação rápida e importante na agricultura.

        Contudo é necessário ficar de olho nos produtos que consumimos. Por exemplo, criar uma consciência alimentar e ter moderação ao comprar qualquer coisa que tenha passado por modificações genéticas.

        Outra opção é comprar produtos agrícolas de produtores menores que seguem as regras governamentais e cultivam um alimento mais puro e sustentável. Portanto, equilíbrio é tudo. 

        Fonte: https://blog.sensix.ag

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        ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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