O Brasil deverá colher 3,4 milhões de toneladas de algodão em pluma, em 2023/2024, um acréscimo de 5,9% ante o ciclo anterior.
Numa safra considerada das mais “complicadas” da história, o algodão deve crescer em área e produção, em sentido contrário ao desempenho da soja e do milho, que, junto com a fibra, formam a base da matriz produtiva do cerrado brasileiro. A estimativa é da Agroconsult, que apresentou os dados na 17ª Previsão de Safra Anec – Anea, na quarta-feira (13), em Brasília. De acordo com o presidente da consultoria, André Pessoa, o Brasil deverá colher 3,4 milhões de toneladas de pluma, em 2023/2024, um acréscimo de 5,9% ante o ciclo anterior. A área plantada deverá crescer 12,5%, alcançando 1,89 milhões de hectares, e a produtividade ficará em torno de 121 arrobas de pluma e 298 arrobas de caroço de algodão, por hectare, o que representa cerca de 1845 quilos de algodão beneficiado por tonelada. A 17ª Previsão de Safra é um evento organizado pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
“A safra de algodão está indo muito bem. Precisa ainda de alguma chuva no início de abril, mas este tende a ser um ano muito positivo para o algodão, porque os custos de produção baixaram e os preços não caíram tanto. Aliás, até se recuperaram um pouco, nas últimas semanas, o que deixa uma margem bem razoável, que será muito importante para os produtores que perderam na safra de soja, para equilibrar as contas”, pondera Pessoa. No radar, ele vislumbra uma manutenção de rentabilidade “muito boa”, embora não haja uma tendência de preços mais altos. “A expectativa é que o algodão continue crescendo”, diz.
O consultor acredita que o crescimento na área e produção do algodão deverá se manter, ainda que a produção de soja se recupere. “A rentabilidade da pluma está bem melhor do que a das lavouras alternativas”, diz. No famoso Rally da Safra, expedição promovida pela consultoria há 20 anos, Pessoa disse que foi constatada uma grande quantidade de produtores estreando na cultura, que, segundo ele, não é fácil para iniciantes, pois requer muitos investimentos na implantação.
“Creio que muitos destes novos entrantes fizeram acordos, por exemplo, de colheita e beneficiamento com produtores já estabelecidos e a tendência é que, nos próximos anos, eles se tornem mais experientes, e se estabilizem dentro desta área plantada”, observou.
Desafios
Os números a serem comemorados para o algodão, segundo a Agroconsult, trazem junto uma reflexão quanto ao escoamento e comercialização. “Será um enorme desafio. Precisamos continuar ampliando a nossa participação de mercado. Nos dois últimos anos, a quebra da safra dos Estados Unidos nos ajudou, mas isso não é garantido que sempre irá acontecer. Temos que estar preocupados com uma possível safra grande dos americanos, no ano que vem”, afirmou. A previsão apresentada para as exportações foi de 2,5 milhões de toneladas. 1,6 milhões das quais já foram embarcadas até fevereiro. Até então, o recorde brasileiro havia sido 2,4 milhões de toneladas de pluma enviadas ao mercado externo, em 2021.
Soja e milho
Altamente impactada pelo fenômeno climático El Nino, a produção brasileira de soja está estimada, pela Agroconsult, em 152,2 milhões de toneladas, em 2023/2024, uma queda de 4,7% em relação à safra anterior. Já a área plantada deve superar os 45,6 milhões de hectares, projetados anteriormente pela própria consultoria, que prevê alta na produção de 2,73% ante o ciclo passado. A produtividade da oleaginosa deverá cair 7,45%, ficando em 55,5 sacos de soja por hectare. As intempéries custaram à cultura um replantio de 2,9 milhões de hectares nesta safra.
O milho deve somar, no total das primeira e da segunda safra, 123,4 milhões de toneladas. A área total plantada com o cereal deve recuar 5,9%, ficando em 21 milhões de hectares.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, afirma que a Agroconsult é uma empresa conhecida pela confiabilidade dos seus dados. “O que eles apresentaram nos deu até bastante alento, num ano em que as entidades oficiais públicas, dentro e fora do Brasil, e as empresas privadas não conseguiam se entender. Parabenizamos e agradecemos à Anea e à Anec por promover este evento, pela 17ª edição”, afirmou. Schenkel lembrou, ainda, que no próximo dia 27 de março, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados se reunirá e, nessa ocasião, os dados apresentados pela Agroconsult e também os da Conab serão discutidos e avaliados pelas nove associações estaduais dos produtores de algodão.
Sustentabilidade e rastreabilidade
A programação do evento teve ainda a participação do diretor geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, que apresentou os dados apurados via satélite sobre a ocupação, nas últimas décadas, da produção agrícola, áreas de preservação e de conservação, em comparação à produção obtida nas várias culturas, em menos de 10% do território nacional. “É preciso que o mundo entenda o que fazemos, mas somente os dados não estão sendo suficientes. Precisamos tocar no coração dessas pessoas”, afirmou.
Já o diretor do Departamento de Produção Sustentável Irrigação e Cooperativismo do Mapa, Bruno Brasil, abordou a rastreabilidade e qualificação da produção agropecuária brasileira, apresentando as funcionalidades da plataforma AgroBrasil que está sendo desenvolvida pelo Ministério da Agricultura em parceria com o Serpro, com o apoio da Embrapa, CNA e CNC. Esta iniciativa tem como um dos objetivos atender às regulamentações europeias, com destaque para a Lei da EUDR (Due Diligence Europeu). “Ela vai permitir integração e segurança dos dados por sistema blockchain, universalidade, abrangendo todos os produtores, com adesão voluntária e custo zero para agricultores e cooperativas, dentro do site Gov.Br”, antecipou.
Fonte: Imprensa Abrapa
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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