As exportações brasileiras para o Irã se ancoram principalmente em soja em grão, farelo de soja e milho
Mais um mercado se abre ao algodão brasileiro. Com a indústria têxtil aquecida, o Irã identifica no Brasil um importante fornecedor não apenas de soja e milho, mas também da pluma. O interesse foi formalizado esta semana, em uma agenda de negócios que reuniu a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), a Embaixada do Brasil em Teerã e empresas têxteis iranianas.
Atualmente, não há exportação direta de algodão do Brasil para o Irã, mas há potencial para a parceria. O mercado têxtil iraniano está em expansão e hoje a estimativa é de que as importações sejam de 120 mil toneladas da pluma por ano, o que posiciona o país entre os dez maiores importadores de algodão no mundo. Já o Brasil é o quarto maior produtor mundial da fibra, ficando atrás apenas da Índia, China e Estados Unidos. Ao longo de 2021, os brasileiros se tornaram o segundo maior exportador mundial do produto.
As exportações brasileiras para o Irã se ancoram principalmente em soja em grão, farelo de soja e milho. Esse comércio movimenta anualmente mais de U$ 1,05 bilhão e é um motivo a mais para a aproximação com os cotonicultores.
“No Brasil, quem produz algodão também cultiva soja e milho, porque fazemos uma sucessão de culturas ao longo do ano. O agricultor que está exportando grãos para o Irã também pode embarcar a pluma. Essa sinergia pode ser ainda maior se inserirmos a ureia nos negócios”, observou o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato.
Desde 2019, o Brasil passou a ter também no Irã um relevante fornecedor de ureia, insumo usado na fabricação de fertilizantes. Em 2021, de janeiro a agosto, os iranianos responderam por 4,5% do volume total de ureia importada pelo Brasil. No ano passado, foram o quarto maior fornecedor, com 7% de market share.
“A operação de barter (permuta) entre ureia e algodão é uma opção real para ampliarmos esse comércio bilateral”, afirmou o embaixador do Brasil em Teerã, Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto.
O cenário é considerado positivo pelos empresários iranianos.”Nossos principais fornecedores hoje são o Uzbequistão e a Índia, mas queremos ampliar a parceria com o Brasil, de quem já compramos muitas commodities”, pontuou Mostafa Navesi, executivo da trading Ariya Tejarat Sedeh Co. China e Estados Unidos, segundo e terceiro maiores produtores mundiais de algodão, não exportam para o Irã.
“Esta é uma boa hora para o Brasil ocupar essa fatia de mercado, pois tanto o Uzbequistão como a Índia estão priorizando o consumo interno da fibra e direcionando a exportação para fios e tecidos. Por isso, nos interessamos pelo algodão brasileiro, pois precisamos da matéria-prima para abastecermos nossa indústria têxtil”, analisou Ahmad Ghasabi, representante da Khoy Textile Factories.
Ciente dos desafios logísticos atuais, os exportadores brasileiros de algodão partem agora para o diagnóstico de experiências positivas de comércio de outros produtos entre Irã e Brasil.
“Vamos identificar as oportunidades existentes com as empresas que já mantêm relação comercial com o Irã para benchmarking”, afirmou o Vice-presidente da Anea, Marco Aluisio Néia.
O detalhfmento fitossanitário e o levantamento dos protocolos exigidos pelo Irã nas importações serão realizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Nosso foco é apoiar a viabilização das exportações do algodão brasileiro”, afirmou Ellen Laurindo, auditora do ministério, que participou da reunião.
O evento foi realizado em formato online pelo Cotton Brazil, programa desenvolvido pela Abrapa em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) para promover o algodão brasileiro nos mercados internacionais, principalmente asiático. A iniciativa também recebe apoio da Anea.
Fonte: Abrapa