Alemanha confirma primeiro caso de febre aftosa em quase 40 anos; doença causa febre e bolhas na boca de ruminantes com cascos fendidos
As autoridades alemãs confirmaram na sexta-feira o primeiro surto de febre aftosa do país em quase 40 anos em um rebanho de búfalos nos arredores de Berlim. As informações foram divulgas pela agência de notícias Reuters. A febre aftosa é grave e altamente contagiosa, causa febre e bolhas na boca de ruminantes com cascos fendidos, como bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Não afeta cavalos, cachorros, gatos ou seres humanos.
Os casos foram constatados em búfalos de água em uma fazenda no estado oriental de Brandemburgo, que circunda Berlim, disse um porta-voz do estado à AFP, acrescentando que foram confirmadas pelo Instituto de Saúde Animal do governo nacional.
Medidas para conter a doença altamente infecciosa, que não representa perigo para os seres humanos, embora eles possam transmiti-la, estão sendo implementadas, e os animais afetados já foram sacrificados, disseram as autoridades locais.
Uma zona de exclusão de 3 quilômetros e uma zona de monitoramento de 10 quilômetros foram estabelecidas, e nenhum outro produto ou animal pode ser retirado dessas áreas, disse um porta-voz do Ministério Federal da Agricultura em uma coletiva de imprensa regular do governo.
As autoridades locais estão investigando como os animais foram infectados, mas não há planos para medidas em nível federal ou internacional, acrescentou o porta-voz.
A Alemanha e a União Europeia são oficialmente reconhecidas como livres da doença. Os últimos casos na Alemanha ocorreram em 1988, de acordo com o instituto de pesquisa de saúde animal FLI.
O FLI disse que a doença ocorre regularmente no Oriente Médio e na África, em muitos países asiáticos e em partes da América do Sul. Os produtos de origem animal importados ilegalmente desses países representam uma ameaça à agricultura europeia, afirmou.
Em surtos anteriores na Europa, mais de 2.000 animais foram sacrificados para controlar a doença no Reino Unido após um surto em 2007, de acordo com o governo britânico. Em 2011, centenas foram sacrificados na Bulgária após um surto lá.
Os búfalos de água estão na Alemanha desde a década de 1990, de acordo com o governo estadual de Berlim, criados para seu leite e carne e usados para controlar o crescimento de grama nos campos.
Quais os riscos da febre aftosa
A Febre Aftosa é uma enfermidade que gera preocupação mundial pelo fato de se espalhar rapidamente nos rebanhos e causar perdas econômicas significativas. Enquanto muitos países ainda tentam controlar ou convivem com a doença, o Brasil não tem mais casos desde 2006, sendo que no Rio Grande do Sul, as últimas ocorrências foram em 2001.
A doença está amplamente difundida no mundo, principalmente na África e Ásia, ocorrendo também em algumas partes da Europa e Oceania. As últimas ocorrências nas Américas foram no Paraguai (2012) e Colômbia (2017). Pelo fato de ocorrer em várias partes do mundo, sempre há um risco de reintrodução do vírus em zonas livres.
O vírus da Febre Aftosa provoca febre e vesículas (bolhas) – dentro e ao redor da boca, na língua e lábios, nos tetos e ao redor dos cascos – que se rompem , transformando-se em feridas vermelhas, chamadas erosões. Como as vesículas se rompem rapidamente, nem sempre são fáceis de perceber.
Estas lesões ocasionam muita dor e desconforto, levando a outros sinais como apatia, falta de apetite, salivação excessiva, claudicação (manqueira), dificuldade em se mover ou ficar de pé. A maioria dos animais afetados não morre, mas fica muito enfraquecida. A recuperação tende a ocorrer em até 15 dias, sendo que os animais podem continuar portadores do vírus por um período de 06 meses a 03 anos.
Quais os riscos para o Brasil?
Em 2024 o Brasil se tornou livre de febre aftosa sem vacinação. A suspensão da vacinação contra a febre aftosa em praticamente todo o país, feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) é sem dúvida motivo de comemoração.
O reconhecimento internacional foi obtido através da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), representa o fim do ciclo de vacinação, iniciado há mais de 50 anos e o reconhecimento da qualidade da produção pecuária nacional e da qualidade do Serviço Veterinário Oficial.
Ao erradicar a febre aftosa e se consolidar como país livre da doença sem vacinação, o Brasil fortalece sua posição no mercado internacional, aumentando a confiança dos consumidores e dos parceiros comerciais na qualidade e na segurança dos produtos de origem animal brasileiros.
Adaptado da reportagem de Miranda Murray e Friederike Heine via Reuters
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