Ajuste no descongelamento de sêmen aumenta prenhez

Experimento conduzido por Luciano Penteado, da Firmasa, mostrou que variação brusca na temperatura das palhetas pode reduzir eficiência da IATF.

Em um treinamento para inseminadores, Luciano Penteado, sócio-proprietário da Firmasa, empresa especializada em IATF (inseminação artificial em tempo fixo), aprendeu uma lição que não esquece mais, e que compartilhou nesta quinta-feira, 20, com a plateia da InterCorte em Campo Grande, MS. Trata-se do manejo ideal para o descongelamento de sêmen, que pode interferir, e muito, na taxa de prenhez conseguida com a técnica de reprodução.

De acordo com ele, ao baixar a temperatura das palhetas de sêmen em mais de 1,5°C, durante a transferência do botijão de nitrogênio para o descongelador, o produtor contribui para que uma proteína específica do espermatozóide seja lesada, o que dificulta que ele faça a perfuração do óvulo e, consequentemente, promova sua fecundação. “Como estamos acostumados a tirar até dez doses de uma vez do botijão isso acontece, e as perdas podem ser grandes”, afirma.

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Luciano Penteado: Ajuste no descongelamento de sêmen aumenta prenhez
Foto: Portal DBO

Curioso sobre a informação que recebeu no treinamento, Penteado fez um teste e comprovou na prática o que lhe havia sido dito. Em um experimento com 280 vacas, inseminou a metade com doses de sêmen retiradas em grupos de três do botijão e comparou com a retirada de dez em dez. “Para a nossa surpresa, 30 dias depois, as vacas que contaram com o descongelamento rápido apresentaram 44% de prenhez, ao passo que as que receberam sêmen descongelado de forma lenta, com variação da temperatura inferior a 1,5°C por conta disso, tiveram média de 56%”, diz.

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Mas nem isso o deixou satisfeito, e orientado pelo professor Pietro Baruselli, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, ele repetiu o teste, dessa vez com 1.163 vacas. Neste caso, do grupo das cerca de 570 vacas que receberam sêmen descongelado de modo convencional, 42% emprenharam, contra 51% do grupo de descongelamento lento (veja o gráfico no final da matéria). “Então, com pouco mais de mil vacas, houve diferença de nove pontos percentuais de um tratamento para o outro, o que nos leva a um ganho de 20% (sobre os 42%) só com essa mudança no descongelamento”, afirma.

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Foto: Divulgação

Adequação do manejo

E se a dúvida é sobre a viabilidade de implantar o método em propriedades comerciais, para Penteado, não há tempo ruim. “Tudo que o produtor precisa ter em mente é que não pode ter pressa quando for tirar a palheta de sêmen do botijão de nitrogênio e colocar no descongelador eletrônico. Ele precisa fazer isso devagar, com poucas doses, para não abaixar a temperatura em mais de 1,5°C”, diz.

As possibilidades são basicamente três

  1. ou o produtor reduz o número de animais por período e perde um pouco de agilidade para ganhar eficiência;
  2. ou trabalha com dois descongeladores, tendo que investir na compra de um novo equipamento;
  3. ou tem uma pessoa dedicada só para mexer com o descongelador.

Seja qual for a escolha, o custo-benefício, segundo Penteado, compensa. “Porque imagine que um produtor tenha 100 vacas. Se 51 emprenharem com o descongelamento lento, em vez de 42, ele vai ter nove ou, com uma taxa de mortalidade de 10%, oito bezerros a mais. Se cada bezerro vale R$ 1.000, grosso modo, ele vai ganhar R$ 8 mil a mais por programa. E um descongelador custa R$ 800. Então, só 10% do que ele ganha no primeiro programa já é suficiente para pagar essa despesa”, diz. Para os outros casos o produtor pode usar um raciocínio parecido.

Fonte: Portal DBO

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