Agronegócio e fertilizantes: setores distintos sob o mesmo modus operandi

Figuras do agronegócio têm pedido mais incentivos após o governo federal zerar a alíquota para a importação de produtos da cesta básica; já nos fertilizantes, empresas privadas tentam pegar carona na tentativa de retomada do setor pela Petrobrás

A estratégia anunciada pelo governo federal de zerar a alíquota na importação de alimentos da cesta básica gerou um verdadeiro alvoroço em setores do agronegócio, que se manifestaram dizendo que precisam de mais incentivos para a produção. Mesmo com o suporte do governo, com mais de 500 bilhões de reais investidos, ainda acharam pouco. A estratégia adotada conta com outros incentivos importantes, mas não substitui a necessidade urgente de reforma agrária e autonomia na produção de fertilizantes.

Se, de um lado, o agronegócio chora no pé do governo, do outro, o setor privado industrial chora na Petrobrás, ambos olhando para seus interesses particulares enquanto ignoram as necessidades da nação. Apesar do declarado interesse da Petrobrás em retornar para o setor de fertilizantes, empresas como Unigel e Yara desejam carona no investimento público e buscam abocanhar uma fatia do negócio. Para isso, uma mantém as unidades da Bahia e Sergipe improdutivas, enquanto a outra parou sua unidade em Cubatão e supostamente vem investindo pesado em um lobby pela formação de uma subsidiária com a Petrobrás, sendo a Petrobrás acionista minoritária. Esse último é um caso que precisa ser investigado com o devido rigor.

Sabemos que a falta de fertilizantes fere diretamente o pequeno agricultor produtor de alimento para consumo humano, pois tira dele o poder de compra, impactando diretamente na produtividade da lavoura. Não podemos aceitar que os sanguessugas do Estado perpetuem sua estrutura de lobby que degrada o interesse público em detrimento de interesses particulares.

Precisamos focar na retomada da produção pela Petrobrás e interromper imediatamente o acesso dos lobistas. A estratégia da Petrobrás precisa estar atenta aos valores da empresa antes de propor saídas que colocam o país na beira do precipício. É preciso deixar claro que não existe expectativa de sigilo no século 21 e todos estamos sendo observados. Garantam um comportamento digno de ser defendido depois, pois estaremos atentos e vigilantes.

Fonte: Albérico Santos de Queiroz Filho é diretor do Sindipetro Unificado

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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