Agronegócio confia em aprovação de projetos no Congresso após reeleição de 65% da bancada

A taxa de reeleição na Câmara dos Deputados foi de 57,3%, enquanto a do Senado ficou em 38,5%, conforme números das duas Casas.

O setor agropecuário está otimista e acredita na aprovação de projetos defendidos pelo setor após a reeleição de cerca de 65% dos parlamentares que compõem a chamada bancada ruralista no Congresso, disse nesta quinta-feira o presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), Nilson Leitão.

O IPA é responsável por prestar suporte técnico à Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), da qual Leitão é ex-presidente. Segundo ele, o percentual de 65% está acima da média de reeleição de parlamentares em geral nesta eleição, o que lhe dá a perspectiva de que a bancada não só se manterá, como ainda pode crescer.

A taxa de reeleição na Câmara dos Deputados foi de 57,3%, enquanto a do Senado ficou em 38,5%, conforme números das duas Casas.

“A expectativa de manter essa bancada é enorme, elegeu muita gente interessada”, afirmou Leitão durante evento transmitido pela internet, promovido pelo Broadcast.

“Acredito muito que o Senado Federal de 2023 será a favor de resolver as pautas (do agronegócio) que estão travadas”, acrescentou. Ele citou, por exemplo, o projeto de lei (PL) 1293/2021 que trata sobre o autocontrole da indústria na fiscalização agropecuária.

Também presente no evento, o diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Wellington Andrade, ressaltou que houve até “certa surpresa” diante do elevado número de parlamentares alinhados ao setor que foram eleitos e que formaram um terreno favorável aos projetos em tramitação.

“Muito mais interessante que novos temas, é fazer tramitar os projetos que já estão lá”, disse ele, destacando o PL 490 sobre demarcação de terras indígenas.

Os dois representantes do setor concordaram que a bancada ruralista tem membros com viés ideológico e/ou partidário mais próximo do atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), mas disseram que isso não seria um problema em caso de uma eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da disputa pelo Planalto.

Foto Divulgação

“Independentemente de quem assumir a cadeira, seja Bolsonaro ou seja Lula, eles já conhecem o setor e sabem que precisam de um diálogo com o Congresso Nacional… A frente parlamentar (agropecuária) está muito bem preparada para assumir esse protagonismo”, disse Andrade.

Entre especialistas, a visão é de que a bancada ruralista, de fato, saiu fortalecida e o principal impacto da eleição presidencial para o agronegócio será indireto, através do desempenho do câmbio.

“A eleição para o Executivo, em si, não deve interferir muito a perspectiva para o setor”, disse o analista da S&P Global Vitor Belasco.

Para o analista de grãos e de proteínas animais da HedgePoint Global Markets, Pedro Schicchi, pode haver um favorecimento das exportações brasileiras “a depender de como o real vai reagir aos resultados das eleições”.

A analista da consultoria AgRural Daniele Siqueira ressaltou que o câmbio tem estado muito volátil ao longo do ano e deve permanecer assim. “Questões macroeconômicas externas tendem a favorecer a alta do dólar diante do real em alguns momentos, e são esses momentos que os produtores aproveitam para comercializar”, disse.

Fonte: Reuters

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