AgroGalaxy revela dívida de R$ 3,7 bilhões; advogada explica próximos passos da RJ

Advogada especialista em Direito Empresarial com ênfase em reestruturação de dívidas e recuperação judicial explica os próximos passos da Recuperação Judicial da Agrogalaxy

A Agrogalaxy, uma das principais distribuidoras de insumos agrícolas do Brasil, entrou com pedido de recuperação judicial, destacando-se como um marco preocupante no setor do agronegócio. Este pedido, formalizado devido a um endividamento crescente exacerbado por uma expansão agressiva e condições de mercado desfavoráveis, sublinha a volatilidade econômica que até as maiores empresas enfrentam.

A empresa revelou um passivo total de R$ 3,7 bilhões e US$ 160 milhões. O valor inclui obrigações com instituições financeiras, produtores rurais e fornecedores. Entre os credores conhecidos pelos produtores estão o Banco do Brasil, com R$ 391,2 milhões; Santander, com R$ 278,4 milhões, e o Citibank, com R$ 106,8 milhões. Além disso, grandes fornecedores do setor agrícola, como a FMC, aparecem na lista de credores com R$ 163,6 milhões, seguidos pela Opea Securitizadora, com R$ 148,8 milhões, e a Albaugh Agro Brasil, com R$ 139,4 milhões.

A lista de credores ainda inclui outros nomes relevantes do mercado agrícola, como a Mosaic Fertilizantes, com R$ 119,5 milhões, a Rainbow Defensivos Agrícolas, com R$ 116,9 milhões, e a Total Biotecnologia, com R$ 115,5 milhões. Além das dívidas com instituições financeiras, a AgroGalaxy também possui débitos com produtores rurais relacionados a operações de fixação de preço de grãos.

A recuperação judicial é um mecanismo legal que permite que empresas com dificuldades financeiras reestruturem suas dívidas enquanto continuam operando, protegendo-as contra a falência. Esse processo começa com a empresa apresentando um pedido formal ao judiciário, acompanhado de uma documentação detalhada que demonstra sua situação econômica e um plano de reestruturação. Após o pedido, o tribunal nomeia um administrador judicial para supervisionar o processo e convoca uma assembleia de credores para votar sobre o plano proposto.

Se aprovado, o plano permite que a empresa pague seus débitos sob condições renegociadas, potencialmente incluindo prazos estendidos ou reduções dos montantes devidos. Durante esse período, todas as ações de cobrança contra a empresa são suspensas, oferecendo um alívio necessário para a reorganização.

Para os produtores que devem à Agrogalaxy ou têm grãos depositados nos armazéns da empresa, a situação permanece estável por enquanto. Os contratos em vigor devem ser honrados, a menos que sejam renegociados como parte do plano de recuperação. Os produtores como credores têm direito de participar das assembleias e influenciar o processo de votação do plano de recuperação.

Karla Brum, sócia da banca João Domingos Advogados, esclarece: “O processo de recuperação judicial não só oferece uma chance para a empresa se reestruturar financeiramente, mas também protege os produtores e credores, assegurando que haja uma estratégia organizada para o pagamento das dívidas. É crucial que todos os envolvidos estejam bem informados e participem ativamente do processo para garantir que seus interesses sejam considerados.”

O caso da Agrogalaxy serve como um lembrete crítico da importância das estratégias de gestão de risco e da necessidade de compreensão das ferramentas legais disponíveis para navegar em tempos de incerteza econômica. Conforme o setor agrícola avança, tanto grandes empresas quanto pequenos produtores precisam estar preparados para enfrentar desafios econômicos e climáticos, garantindo a continuidade e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

Karla Brum é advogada especialista em Direito Empresarial com ênfase em reestruturação de dívidas e recuperação judicial,sócia do escritório João Domingos Advogados

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