Ambientes fragilizados necessitam de ações específicas, dentro de um contexto integrado e sistêmico, que mantenham e perenizem áreas produtivas e rentáveis.
O alto índice de áreas sem rentabilidade, com baixa produtividade, somadas às áreas degradadas comprovam que muitas propriedades agrícolas no Brasil têm sérios problemas de gestão. São ações equivocadas e insuficientes para atender às necessidades da perenidade produtiva do agroecossistema. Estes fatos podem estar indicando a necessidade de inserir novos conceitos e reforçar conhecidos saberes para melhorar a eficácia e a eficiência no manejo de ambientes de produção.
Toda propriedade agrícola, naturalmente apresenta vulnerabilidades, principalmente aquelas relacionadas com os fatores ambientais de manejo (solo, água, biocenose e clima). A ocupação e uso agrícola das terras cria ambientes fragmentados e descontínuos, portanto áreas muito fragilizadas. Nestas são evidenciadas situações combinadas com vulnerabilidade administrativa, gerencial e operacional. O ambiente de produção, submetido a diversas situações de fragilização, necessita de múltiplos cuidados. Dessa forma, entende-se que os cuidados necessários para manter e perenizar áreas produtivas e rentáveis fazem parte de um modelo de gestão que efetivamente emprega ações num contexto integrado e sistêmico.
Dentro dos cuidados integrais do manejo estão questões relacionadas com a construção de uma boa palhada e produção contínua de húmus, harmonizadas com o enraizamento do perfil e com a qualidade nas operações mecanizadas. Estas questões são essenciais para promoção da perenidade produtiva e saúde ambiental. A boa palhada é aquela que tem em sua composição uniformidade (espessura e cobertura) e regularidade espacial. A produção contínua de húmus se dá em ambientes aeróbicos e com muita atividade biológica diversificada, isto traz uma condição ideal para que a infiltração contínua de água traga vitalidade e força para a vida produtiva do solo.
A harmonia se dá com uma boa orientação técnica que prioriza rotação de culturas, manejo ecológico de pragas e doenças. O enraizamento do perfil ocorre com correção química precisa e escolha de cultivares adaptados. A qualidade nas operações ocorre com procedimentos corretos, treinamento, profissionalismo e muito cuidado com riscos ambientais. Outras atividades como a sistematização da assistência em operações mecanizadas, o planejamento de manejo de áreas e o monitoramento de pragas, doenças e infestação de ervas, associadas a uma boa comunicação são fundamentais para cuidados integrais eficientes.
Para promoção da produtividade, rentabilidade, perenidade produtiva e saúde ambiental, o agricultor precisa praticar cuidados integrais de manejo. Deve-se unificar ações preventivas, corretivas e de reabilitação dos impactos negativos passados como é o caso de processos erosivos ou de plantas invasoras resistentes, entre tantos outros. Cuidados integrais significam pensar, planejar e executar o acesso a todos os recursos tecnológicos que o ambiente local necessita para produzir de forma competitiva, valorizando sempre todas as formas de vida, sem promover o desequilíbrio incontrolável do agroecossistema.
Autor Afonso Peche Filho,
Fonte DiadeCampo.com.br