Lula precisa somar mais 1,8 mi de votos em relação ao 1º turno e Bolsonaro, 8 mi, para fazer vencer o setor do agronegócio poderá ser o fiel da balança.
As Eleições 2022 para Presidente da República serão definidas no 2º turno a ser realizado em 30 de outubro, daqui a quatro semanas, e o setor do agronegócio poderá ser o fiel da balança.
Essa afirmação é um fato especialmente para as pretensões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que ele perdeu em quatro dos cinco maiores Estados em Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do país.
O atual presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) precisará conquistar eleitorado de outros grupos sociais, ou/e ampliar ainda mais sua vantagem nos “estados agro”, onde conseguiu, inclusive, a maioria geral dos votos.
A somatória total da disputa nacional em 1º turno terminou com 48,43% para o candidato petista e 43,20% para o atual mandatário. O próximo Presidente da República precisa de 50% mais um dos votos válidos.
Votação nos estados agro
Entre as cinco unidades da federação com maior VBP agropecuária (Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Goiás), Bolsonaro venceu em quatro. Apenas Minas Gerais foi favorável a Lula.
Em Mato Grosso, com 100% das urnas apuradas, o atual presidente convenceu 59,84% dos eleitores (1.102.866 votos), enquanto o ex-presidente conseguiu 34,39% (633.748 votos).
Já o eleitorado de São Paulo concedeu 47,71% de suas preferências a Bolsonaro (12.239.989 votos) e 40,89% a Lula (10.490.032 votos). No Paraná, o chefe do executivo teve 55,26% (3.628.612 votos) e seu adversário na disputa 35,99% (2.363.492 votos).
Minas Gerais foi o único “estado Top 5 no agro” no qual o candidato petista superou seu concorrente com 48,29% (5.802.571 votos) contra 43,60% (5.239.264 votos). Finalmente, em Goiás, a disputa foi favorável a Bolsonaro com 52,16% (1.920.203) contra 39,51% de Lula (1.454.723).
Quantos votos a mais Lula e Bolsonaro precisam no 2º turno?
Com os percentuais obtidos, o representante do PT necessitaria acrescentar 1,57% mais um dos votos válidos e o candidato do PL 6,8% mais um voto em relação ao 1º turno para ocupar o Palácio do Planalto pelos próximos quatro anos.
Mantendo-se o nível de votos válidos (118.227.018), Lula precisaria ampliar seu resultado em 1.856.164 votos a mais entre os válidos para alcançar uma maioria simples. Por sua vez, Bolsonaro necessitaria 8.039.437 para fazer o mesmo.
Os dois concorrentes devem buscar diálogo também com Simone Tebet e Ciro Gomes, respectivamente, terceiro e quarto colocados no 1º turno. Tebet teve 4,16% (4.915.306 votos) e Ciro Gomes 3,04% (3.599.201 votos). Converter ao menos parte destes eleitores poderia garantir a vitória no 2º turno.
De onde podem vir mais votos para Lula e Bolsonaro?
A primeira aposta da equipe do atual presidente é Minas Gerais, uma vez que o atual governador das Alterosas, Romeu Zema (Novo), foi reeleito com 56,18% ou 6.094.136 dos votos e poderia apoiar ao atual mandatário da República.
O próprio Zema já declarou, após o pleito, que não apoiaria o PT “de jeito nenhum”, o que não significa, necessariamente, pender-se para o lado de Bolsonaro.
Ainda assim, mesmo que tivesse todos os votos de Zema, Bolsonaro acrescentaria 854 mil votos aos resultados que obteve em Minas Gerais, pouco mais de 10% do que precisa de votos a mais no 2º para manter-se no cargo.
Minas Gerais tem outro aspecto curioso, quase místico. Ao menos desde 1950, portanto nos últimos 72 anos, o presidente eleito também venceu entre os eleitores mineiros.
Por tais razões, inclusive, o primeiro movimento da equipe de Bolsonaro no 2º turno foi marcar uma reunião com o governador reeleito do estado, Romeu Zema, para tentar seu apoio.
Bolsonaro: “mudanças podem ser para pior”
Outra estratégia, segundo declaração do próprio presidente Bolsonaro, reside em tempos iguais nos horários eleitorais, novos debates e tentar convencer as pessoas que querem mudança.
“Eu entendo que tem muito voto que foi pela condição do povo brasileiro, que sentiu o aumento dos produtos. Em especial, da cesta básica. Entendo que há uma vontade de mudar por parte da população, mas tem certas mudanças que podem vir para pior”, disse.
O presidente também disse: “vamos agora mostrar melhor para a população brasileira, em especial a classe mais afetada, que é consequência da política do “fica em casa, a economia a gente vê depois”, de uma guerra lá fora, de uma crise ideológica também”.
Lula aposta em Tebet para aproximar o agro
Já Lula afirmou que vai acirrar a disputa no Estado de São Paulo e também buscar apoio de eleitores de Simone Tebet e Ciro Gomes. Segundo analistas, haveria propensão de tais eleitores a rumar para o voto no petista.
A explicação é atuação de Simone Tebet na CPI da Covid, muito combativa à condução do atual governo durante a pandemia, e o histórico de seu partido – o MDB – em parcerias com o PT. Michel Temer, por exemplo, é um dos nomes mais influentes do partido e foi vice-presidente do governo Dilma.
“O MDB nunca chegou a essa marca de 4,2% nas urnas. Esse é um feito, mas ele traz consigo uma grande responsabilidade. É preciso entender o recado das urnas. É preciso fazer uma reflexão sobre os candidatos eleitos do Senado, das Câmaras Estaduais e Federal. Há muito o que refletir, mas jamais nos omitir”, disse Simone Tebet sobre quem irá apoiar.
Segundo fontes da campanha do petista, Tebet também representaria uma aproximação ao agronegócio, já que ela é de Mato Grosso do Sul. Outra tática para conquistar mais votos no setor seria usar o prestígio de ex-ministros da Agricultura nas gestões federais do partido, com Roberto Rodrigues, Reinhold Stephanes, Katia Abreu e Blairo Maggi, entre outros aliados.
Já Ciro Gomes foi ministro de governo de Lula e seu eleitorado costuma classificar-se como “progressista”, justamente o oposto ao conservadorismo que caracteriza a maior parte dos eleitores bolsonaristas. Ainda assim, Ciro já admitiu mais de uma vez “mágoa” contra Lula.
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“Quero dizer a vocês que estou profundamente preocupado com o que estou assistindo acontecer no Brasil. Como vocês sabem eu vou inteirar 65 anos de vida e eu nunca vi uma situação tão complexa, tão desafiadora, tão potencialmente ameaçadora sobre nossa sorte como nação”, disse Ciro, antes de pedir “algumas horas” para se definir.
Fonte: Agrofy News
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