Outros dois pilares importantes para o setor, segundo palestrantes do Congresso Brasileiro do Agronegócio, são infraestrutura e gestão
A sustentabilidade é uma tendência mundial, que vem englobando todos os setores da economia, incluindo o agronegócio. Se o segmento alcançou um alto índice de produtividade, com a aplicação de tecnologia; agora é o momento de reforçar o aspecto sustentável da produção nacional. “A sustentabilidade é muito favorável ao Brasil e à agricultura. Ela insere um novo padrão e dissolve a dicotomia de que ou há conservação ou há produção. Hoje, é possível ter produção e conservação, com rentabilidade”, enfatizou Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), no painel Pilares para o Futuro do Agro, durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio, que reuniu mais de 1000 participantes em São Paulo, em uma iniciativa da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio e B3 – Brasil Bolsa Balcão.
De acordo com Marina, o Brasil é uma grande solução para os padrões de sustentabilidade. A pecuária nacional, por exemplo, é sustentável, ao emitir menos metano em relação a de outros países. “Porém, aqui ainda precisa combater fortemente o desmatamento ilegal, que é o grande vilão da sustentabilidade ambiental. Mas, acredito que não é algo muito difícil de ser resolvido, basta combater a criminalidade”, disse.
Marina ainda ressaltou a importância de uma maior integração entre a inovação e a sustentabilidade, ao afirmar que a Agricultura 4.0 é uma realidade no país e mais avançada que em outros países, como nos Estados Unidos.
Para Douglas Ribeiro, diretor de Marketing da Corteva Brasil, há uma conexão total entre a inovação e a sustentabilidade, com conectividade. “Se pensarmos no agronegócio nacional, o produtor brasileiro sempre optou por inovação e tecnologia, já que crescemos com produtividade e não com área agricultável”, falou.
No sentido da conectividade, Ulisses Thibes Mello, diretor da IBM Research Brasil, destacou a questão da digitalização no campo. “Hoje nós temos a sensorização do campo de várias formas. Um trator, por exemplo, tem mais de dez sensores, além do computador de bordo. Ano passado, foram lançados mais de dez satélites com resoluções diferentes. Tudo isso está possibilitando criar gênios digitais, ou seja, a partir de uma imagem do campo é possível fazer várias coisas. E essa transformação digital vai ampliar a produtividade e a rastreabilidade e diminuir as perdas de produção”, explicou.
Em relação ao tema da infraestrutura, o país tem de pensar de forma mais estratégica. O professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, lembrou o que está acontecendo com os países que são os principais competidores do agro brasileiro. “No mundo, o que se faz é buscar o equilibro entre armazenagem e transporte. No agro brasileiro, 42% dos custos logísticos estão ligados ao transporte de longa distância e 18% estão na área de armazenagem. Nos Estados Unidos o custo do transporte de longa distância é de 30% e 40% é de armazenagem. O que significa, que nós aqui temos de produzir e escoar com rapidez por falta de armazenagem”.
Outro pilar importante para o futuro do agronegócio é a gestão e a produtividade das pessoas. “Atualmente, em um modelo de gestão simplificado, nós temos que ser bons em finanças, análise de mercado e de clientes, em processos e em tecnologias. No entanto, quando se trata de pessoas, por diversos motivos e barreiras, ela torna-se menos importante do que os outros pilares. O mínimo que temos que fazer é que ela tenha a mesma relevância que as demais porque isso está relacionado à produtividade”, finalizou Ruy Shiozawa, presidente do Great Place to Work Brasil.