O Fórum Econômico Mundial destaca que a agricultura no cerrado recebe uma quantidade insuficiente de atenção e proteção legal, não condizente com suas necessidades.
Um recente relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado em Genebra, Suíça, revela que a implementação de modelos voltados para o aumento sustentável da agricultura no Cerrado, com ênfase na preservação da biodiversidade, pode resultar em um impacto econômico significativo para o Brasil até 2030, totalizando US$ 72 bilhões anuais.
O estudo, intitulado “Cerrado: Produção e Proteção,” baseia-se em pesquisas abrangentes e entrevistas com especialistas brasileiros. Dentre as propostas apresentadas para atingir esse valor estão a promoção da agrossilvicultura e da agricultura regenerativa. Tais práticas não apenas possibilitariam a produção de alimentos com certificação verde, mas também teriam implicações socioeconômicas positivas, gerando empregos.
A rentabilidade esperada proviria da implementação de práticas regenerativas, resultando em maior produtividade, redução de custos de produção e o desenvolvimento de setores como bioindústrias e biocombustíveis. Além disso, o relatório destaca o potencial para impulsionar segmentos como ecoturismo e mercado de carbono.
O estudo foi conduzido pela Tropical Forest Alliance, uma iniciativa do Fórum Econômico Mundial, com base nas análises do Plano de Transformação Ecológica do Brasil, elaborado pela empresa Systemiq. Essas descobertas apontam para a possibilidade de um futuro econômico mais sustentável, alinhado aos princípios da conservação ambiental e da biodiversidade.
Em 2023, dados de um relatório revelaram que a conversão agrícola no Cerrado atingiu 63%, com um notável aumento de 30 milhões de hectares nos últimos 20 anos. Essa transformação substancial destaca a necessidade de estabelecer duas agendas distintas: uma voltada para uma produção mais sustentável e outra direcionada à proteção ambiental, conforme sugerido no documento.
O Cerrado desempenha um papel crucial, sendo responsável por 60% da produção agrícola do Brasil e 22% das exportações globais de soja. No entanto, Jack Hurd, Diretor-Executivo da Tropical Forest Alliance, destaca que esta região recebe menos atenção e proteção legal do que realmente necessita. Ele ressalta que isso resultou em uma degradação significativa e uso não sustentável da terra, representando uma ameaça substancial à segurança alimentar global.
Com a iminente atenção internacional devido à preparação do Brasil para a COP30, o estudo sugere que o país está em posição favorável para se tornar um líder climático. O relatório indica a oportunidade de adotar uma abordagem equilibrada que apoie o setor agrícola, crucial para o país, enquanto simultaneamente protege o ecossistema do Cerrado.
O Diretor-Executivo, Jack Hurd, enfatiza que o propósito do relatório é iniciar uma discussão crucial entre os formuladores de políticas públicas, o agronegócio e outros tomadores de decisão no Brasil. Ele destaca a necessidade de implementar um novo modelo agrícola na região, que não apenas aumente a produção, mas também promova a biodiversidade, proteja os ecossistemas e preserve as comunidades indígenas e tradicionais do Cerrado.
De acordo com Patricia Ellen da Silva, sócia e líder do escritório da Systemiq no Brasil, a proximidade da presidência do G20 e da COP30 oferece ao país uma oportunidade única para assumir a liderança em ações climáticas. Ela destaca a importância de revolucionar a abordagem ao uso da terra no Cerrado, propondo que esta região deve desempenhar um papel central na transformação global dos sistemas alimentares e na produção de energia.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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