Relatório da ANA indica que a irrigação deve crescer 45% até 2030 no país, frente à alta demanda; técnica de agricultura irrigada tem crescido de forma sólida no país
O Dia Nacional da Agricultura Irrigada foi proposto em 2021, pela PL2975/2021. A ideia é que seja celebrado anualmente, em 15 de junho. A data foi escolhida estrategicamente por estar próxima ao Dia Mundial do Meio Ambiente e por estar no início do período seco em grande parte das regiões brasileiras, quando a produção de alimentos é totalmente dependente da irrigação.
A comemoração tem por finalidade criar uma postura crítica e ativa em relação à importância da agricultura irrigada para a sustentabilidade na produção de alimentos e para o desenvolvimento e segurança alimentar, econômica e ambiental do Brasil.
A técnica de agricultura irrigada tem crescido de forma sólida no país, nos últimos anos. De acordo com o relatório da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), a irrigação pode crescer 45% até 2030 no Brasil, frente a uma demanda alta de produção de alimentos. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), será necessário aumentar em 70% a produção até 2050.
“A irrigação é, sem dúvida, a tecnologia com maior potencial de contribuir para o aumento da segurança alimentar e ambiental, bem como à redução da fome e da pobreza, além de gerar grande número de empregos”, explica Lineu Rodrigues, fundador e coordenador da RENAI (Rede Nacional de Irrigantes).
Entre os benefícios da agricultura irrigada, destaca-se, principalmente, a possibilidade de uma produtividade até três vezes maior do que em áreas de sequeiro, que depende apenas da chuva. Além disso, a prática reduz a possibilidade de impacto climático na produção; viabiliza diversidade nas culturas e uso do solo durante todo o ano; estimula a modernização no campo; contribui para a geração de emprego e renda; e reduz a demanda por abertura de novas áreas de produção.
O Brasil é um dos poucos países no mundo capaz de elevar a sua produção agrícola sem comprometer o meio ambiente. O país tem mais de 12% das reservas de água doce e algumas das maiores bacias hidrográficas do mundo. “E a quantidade de água utilizada no país, pela agricultura irrigada, representa menos de 0,6% do que existe nos nossos rios. Além de grande parte da demanda hídrica desta cultura ser suprida via água da chuva”, ressalta Lineu.
Sob uma ótica restrita, a irrigação é vista simplesmente como uma tecnologia para aplicação de água na planta, mas, com um olhar mais aprofundado, constata-se que ela é a base de uma economia e de um modo de vida.
A irrigação viabilizou o povoamento intensivo de várias regiões do mundo e tem sido cada vez mais relevante para a economia agrícola global e oferta de alimentos. “O ser humano não pode viver sem água e alimento. Por isso, o nosso desafio é produzir alimentos de forma sustentável e em quantidade suficiente, em um mundo cada vez mais complexo, com uma população que, em 2050, será em torno de 9,1 bilhões de pessoas”, reitera o coordenador da RENAI.
Nesse contexto, a irrigação deve desempenhar um papel cada vez mais estratégico. Ela altera a forma como o solo é utilizado, possibilitando o seu uso durante todo o ano, trazendo benefícios econômicos, sociais, ambientais e ainda a possibilidade de uma produção sustentável de alimentos. Em cenário de grande variabilidade climática, que impacta e muito a produção de sequeiro, espera-se uma consolidação e crescimento da técnica.