Agricultura brasileira terá NPK Biológico em 2023

Brasileira de biológicos planeja registro de 58 novos produtos até 2025; uma das novidades é produto baseado em bactérias desenvolvida para diminuir ou excluir o uso dos adubos químicos

No agronegócio, assim como na grande maioria dos setores, a temática da sustentabilidade nunca esteve tão em alta quanto nos últimos anos. Isso, somado a outros fatores – como o dólar alto e a escassez de insumos tradicionais – tem feito com que as buscas por insumos naturais e biológicos alcancem patamares cada vez mais expressivos, e levado as empresas que atuam nesse mercado a rapidamente se estruturarem para atender à latente demanda.

Com seu primeiro produto (biopesticida) registrado em 2020, a meta da Biotrop, fabricante nacional de produtos naturais e biológicos para a agricultura, é obter até 2025 mais 10 registros de novas soluções em inoculantes e fertilizantes, chegando a 130, além de 48 novos biodefensivos, totalizando 66 com os atuais.

Para alcançar esses números, a companhia está nesse momento ampliando sua fábrica de Curitiba/PR, de 4,3 milhões de litros ao ano para ter capacidade de produzir 7 milhões ainda em 2022, indo para 9 milhões de litros em 2023. Uma segunda unidade industrial no mesmo local também está projetada e fará a produção subir para 16 milhões de litros anuais em meados de 2023. Além desses investimentos, a Biotrop pretende fazer novas aquisições de plantas industriais no Brasil em curto prazo.

Segundo Fábio Pevide, engenheiro agrônomo e diretor de assuntos regulatórios da Biotrop, toda essa expansão está ligada ao aumento da capacidade produtiva para atender o mercado e para produção de novos produtos à base de fungos, bactérias e extratos botânicos, e vai ter a capacidade de atender 50 milhões de hectares na produção de hortifrútis, soja, cana-de-açúcar, milho, feijão, batata, tomate, trigo e áreas de floresta. “Serão investidos nas duas obras aproximadamente R$ 60 milhões”, destaca.

A empresa quer caminhar ainda mais numa esteira de crescimento, e projeta em até três anos se consolidar também nos Estados Unidos, onde hoje existem 16 produtos em fase de registro. “Nossa projeção, juntando Américas, EUA e Europa, é de 124 novos registros até 2025”, detalha Pevide.

O que vem por aí

Uma nova estação experimental da empresa será credenciada para a realização de pesquisas, desenvolvimento e testes das novas soluções biológicas à campo, originando as tecnologias que serão, após registradas, disponibilizadas aos produtores em curto / médio prazo.

Dentre estas soluções, a Biotrop pretende muito em breve lançar um bioinseticida com aplicação inédita, e também um produto que une ação biofungicida e bionematicida. O primeiro, próximo de sua aprovação comercial, é o Biokato, que leva a associação de duas bactérias para o controle da cigarrinha-do-milho (Dalbulus Maidis), mosca-branca (Bemisia tabaci) e percevejo-marrom (Euschistus heros).

O “BTP 011”, ainda sem nome comercial, é biofungicida e bionematicida. Leva a associação de três bacilos e será aplicado no controle de podridão-radicular (Rhizoctonia solani) e do nematoide-das-lesões (Pratylenchus brachyurus).

“Também teremos lançamentos para outras doenças foliares e outros percevejos”, pontua o profissional.

NPK Biológico

Outra solução inédita que a Biotrop irá colocar no mercado já no próximo ano está sendo chamada internamente de “NPK Biológico”. As letras fazem referência aos principais componentes dos fertilizantes, que são o nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (k).

O lançamento chega em boa hora ao mercado nacional, pois tem características que suprem a demanda atual. “É uma formulação totalmente baseada em bactérias e foi desenvolvida para diminuir ou excluir a necessidade aplicação de adubos químicos”, esclarece engenheiro agrônomo.

No Brasil, a avaliação e registro de produtos biológicos é regulamentado por três agências governamentais: Anvisa, Ibama e Mapa. Os bioinsumos são regulamentados pela Lei 7802/1989 e que está atualmente em revisão pelo PL 6299.

O diretor da Biotrop, que atua há 20 anos no mercado de regulatórios, destaca que o governo federal tem priorizado a aprovação de produtos biológicos. Porém, destaca que a falta de mão de obra para trabalhar especificamente nesse pleito ainda é sentida. “A adoção de biológicos vai aumentar muito nos próximos anos, assim como a demanda mundial dos países importadores de commodities agrícolas, então é importante que mais produtos sejam aprovados em menos tempo. Com a priorização, as empresas também passariam a investir ainda mais em inovação”, finaliza Pevide.

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