Os robôs conseguem duplicar a produção diária de um trator., operam por períodos mais extensos, com agilidade e eficácia superiores. Confira
Os robôs concebidos para integrar-se ao ecossistema de produção agrícola executam suas funções com notável precisão. Esses autômatos, dotados da habilidade de semear, monitorar, erradicar ervas daninhas, detectar pragas, alertar o agricultor diante de possíveis contratempos nas plantações e até mesmo realizar a colheita ao término da safra, personificam uma visão futurista da agricultura.
Ao contrário das imponentes máquinas agrícolas, cujo impacto é derivado do tamanho avantajado, esses robôs ostentam características opostas, sendo geralmente leves e compactos. Essa abordagem visa prevenir a compactação do solo, enquanto amplifica o potencial produtivo da safra e facilita o processo de colheita.
“Os robôs na agricultura, para nós, destoam do que é retratado em obras cinematográficas. Eles não buscam mimetizar a presença humana. O ponto crucial é desenvolver um produto que se alinhe de maneira integral às necessidades agrícolas e à demanda dos produtores”, enfatizou Johannes Utz, diretor de desenvolvimento robótico da AGCO na Alemanha, durante a Agritechnica, ocorrida em Hannover, no mês de novembro do ano passado.
Johannes Utz desempenha um papel significativo na concepção de Xavier, o robô semeador revelado pela Fendt. Em sua fase de protótipo, essa nova geração realiza a distribuição precisa de grãos, respeitando as distâncias predefinidas nas fileiras de plantio, destacando-se na aplicação em lavouras de soja, milho, feijão e ervilha.
Em termos gerais, esses sistemas autônomos incorporam tecnologias já presentes em outras máquinas, como inteligência artificial, GPS e sensores ópticos. O diferencial crucial reside no nível de eficiência proporcionado.
“Os robôs conseguem duplicar a produção diária de um trator. Operam por períodos mais extensos, com agilidade e eficácia superiores. Possuem conhecimento preciso sobre onde e quanta quantidade de insumos deve ser aplicada, uma precisão inatingível pela mão humana”, afirmou Elizeu dos Santos, coordenador de Marketing de Produto Agricultura de Precisão da Fendt e Valtra.
A agricultura do amanhã, além de inteligente, aspira ser sustentável. As marcas exploram alternativas para reduzir o consumo de energia, recursos hídricos e emissões de gases do efeito estufa. O propósito desses dispositivos é enfrentar os desafios enfrentados pelo setor, como a volatilidade climática, a escassez de mão de obra especializada e o desperdício de insumos.
Um exemplo concreto é o Lero, desenvolvido pela empresa alemã Nature Robots. Essa criação que combina robótica e inteligência artificial monitora diariamente as condições e o desenvolvimento de até 30 variedades de vegetais em uma mesma área. A empresa destaca a capacidade do dispositivo de diferenciar cada tipo de cultivo, coletar informações individualizadas e oferecer soluções sustentáveis para serem implementadas nas áreas afetadas, visando apoiar as “relações simbióticas entre plantas e insetos”.
“As tecnologias simplificaram a agricultura, mas gradualmente, ela volta a adquirir complexidade. No futuro, o monitoramento será essencial e difícil de ser realizado por máquinas de grande porte. Os robôs desempenham o papel de ‘tradutores’ das necessidades da terra para os produtores”, afirmou Malte Piening, um dos engenheiros robóticos responsáveis pela inovação.
As máquinas autônomas ainda têm margem para otimização ao serem integradas a novas ferramentas, conforme indicado pelo projeto Niedersachsen ADDITIV. Em fase de desenvolvimento por pesquisadores de Hannover, o projeto utiliza laser para erradicar 100% das ervas daninhas sem prejudicar o restante da cultura circundante.
A concepção desse sistema assemelha-se a uma impressora. Uma câmera 3D, posicionada na parte superior e conectada a um banco de dados, identifica a espécie invasora e direciona o laser para a região mais sensível da planta, exterminando-a por completo, sem a necessidade de pesticidas.
“A inteligência artificial, além de realizar a limpeza de forma abrangente, consegue discernir entre o que é cultura e o que é erva daninha. Isso representa um ganho significativo em termos de produtividade, especialmente para os produtores de vegetais. Ao mesmo tempo, representa nosso maior desafio. Precisamos ter mais de 1 milhão de fotos de cada espécie no banco de dados para treiná-la”, afirmou Jens Kruse, pesquisador do Centro de Laser de Hannover.
Segundo um levantamento do grupo IMARC, o mercado global de robôs agrícolas atingiu US$ 7,6 bilhões no último ano. A projeção é que o setor cresça cerca de 18% ao ano até 2028, alcançando a marca de US$ 20 bilhões.
Quando os robôs chegam nas lavouras brasileiras
No Brasil, o horizonte futuro se revela mais próximo do que se poderia imaginar. Para Elizeu dos Santos, o aumento de eficiência promovido pela automação emergirá como o principal impulso no país, prevendo que, nos próximos cinco anos, o cenário brasileiro será gradualmente “habitado” por robôs.
“Há um potencial promissor para os produtores brasileiros, especialmente devido ao extenso tamanho das fazendas. Adicionalmente, considerando que conduzimos duas culturas na mesma área, a capacidade de plantar e colher de maneira mais ágil torna-se essencial”, destacou o especialista.
Contudo, a conectividade ainda figura como uma barreira significativa. De acordo com dados do Ministério da Agricultura e da associação ConectarAgro, 73% das propriedades rurais brasileiras ainda carecem de acesso à internet. Sem conectividade, os robôs enfrentam limitações na coleta de dados, comprometendo sua capacidade máxima de atuação no campo.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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