O agricultor integrava um acampamento do MST no estado de Pernambuco. O grupo do qual o acampado fazia parte, pede pela desapropriação do Engenho São Francisco, em um pleito que já dura 29 anos.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou nesta segunda-feira (6) que por volta das 4h30 da manhã do último domingo (5), o agricultor, acampado e integrante do MST, Josimar da Silva Pereira, foi assassinado na cidade de Vitória de Santo Antão (PE), onde morava. no último domingo (5) na cidade de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco. De acordo com o movimento, Josimar Pereira, 30 anos, foi morto a tiros quando se locomovia para o acampamento Francisco de Assis, para trabalhar na irrigação de uma plantação de arroz.
O camponês de 30 anos foi alvejado na nuca e nas costas enquanto se locomovia de moto para o Acampamento Francisco de Assis, onde trabalharia na irrigação do plantio de arroz orgânico. Ainda não se sabe a autoria e a motivação do assassinato.
O agricultor integrava o acampamento que pede pela desapropriação do Engenho São Francisco, em um pleito que já dura 29 anos. Em nota, o MST disse que na última sexta-feira (3) e sábado (4) um incêndio criminoso atingiu uma área de cana-de-açúcar que fica perto do acampamento. Coordenadores do acampamento tentaram registrar um boletim de ocorrência, mas não conseguiram.
Segundo o MST, a morte de Josimar Pereira ocorreu um dia antes de uma visita do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ao acampamento Nesta segunda-feira (6) já estava marcada uma visita do Incra no território. Na quarta-feira (8) uma audiência no Ministério Público Estadual de Pernambuco está prevista entre o MST e a Usina JB, de propriedade da família Beltrão.
“Neste momento de dor, o MST estende toda solidariedade à família, aos filhos e amigos e exige que os órgãos competentes possam acelerar as investigações e encontrar os culpados desse crime”, afirma nota do movimento. “E que essa área histórica cumpra a sua função social se tornando um assentamento da reforma agrária”, complementa.
A deputada estadual Rosa Amorim (PT), que é integrante do MST, publicou que o assassinato aconteceu “depois do acampamento entrar na lista prioritária para desapropriação, antes da visita do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ao acampamento e na semana de audiência no Ministério Público Estadual.”
“Josimar tinha tinha o sonho da conquista da terra, onde lutava junto aos companheiros pela desapropriação do Engenho São Francisco, luta que já perdura mais de 29 anos”, escreveu o movimento nas redes sociais.
“Este caso não ficará impune e seguiremos na luta por justiça e identificação dos responsáveis por esta violência. Toda a solidariedade”, acrescentou.
Ao longo das quase três décadas de existência, o Acampamento Francisco de Assis sofreu 16 reintegrações de posse. Em agosto de 2022 houve uma nova ocupação do território, onde vivem atualmente 108 famílias.
A disputa em torno da área fez com que o caso entrasse na Comissão de Conflitos Agrários do estado de Pernambuco. O terreno entrou como prioridade para vistoria e desapropriação por parte do Incra, que há cerca de um mês classificou o engenho como improdutivo. “Mas sabíamos que a usina ia recorrer”, relata Samuel Drummond Scarponi, da direção estadual do MST em Pernambuco.
Ainda assim, o território é produtivo. Ali as famílias sem-terra cultivam, entre outros produtos, arroz orgânico, banana, macaxeira, inhame, hortaliças, maracujá, côco, além de um viveiro da reforma agrária. Existe também o roçado das mulheres, uma experiência auto-organizativa do setor de gênero da regional Galileia do MST.
Samuel Scarponi conversou com Josimar pela última vez na sexta-feira (3). Trabalhando como moto-taxista, o camponês lhe contou que pretendia juntar dinheiro para começar a trabalhar com a criação orgânica de galinhas. O velório e o enterro de Josimar estão marcados para esta terça (7).
Polícia investiga morte de agricultor
Por meio de nota divulgada nesta segunda (6), a Polícia Civil informou que a vítima, de 33 anos, foi encontrada já sem vida, com perfurações de arma de fogo, ao lado de uma motocicleta, em um engenho da cidade. O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios de Vitória.
“As investigações foram iniciadas e seguem até elucidação do crime”, disse a polícia.
Compre Rural com informações do Brasil de Fato, Agência Brasil e MST
ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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