Aftosa: Falta vacina no mercado, e agora?

Pecuarista tem dificuldade de achar vacinas. Em comunicado, Comissão de Pecuária de Corte da Faemg diz que já entrou em contato com autoridades para viabilizar as doses.

A segunda etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa, iniciada em 1º de novembro, enfrenta problemas por falta de doses. Nesta sexta (12/11), a Comissão Técnica de Pecuária de Corte do Sistema Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais) informou estar ciente de que muitos produtores estão tendo dificuldades para adquirir as doses.

“Estamos em contato com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que nos informou já ter solicitado ao governo federal a disponibilização de mais doses para o Estado”, diz trecho da nota, acrescentando que a imunização deve ser feita até 30 de novembro e precisa superar 95% para garantir a sanidade do rebanho e permitir a retirada da vacinação no Estado no final de 2022.

Os criadores que não acharem a vacina em suas cidades foram orientados a procurar o produto em localidades próximas ou contatar o escritório regional do IMA para saber onde há doses disponíveis. A vacinação tem que ser declarada até 10 de dezembro ou o produtor está sujeito ao pagamento de multas.

Possível explicação para falta recorrente de vacinas

Houve falta do imunizante também na primeira etapa, em maio, o que levou à prorrogação da campanha. Desta vez, havia previsão de distribuidores de que iria faltar vacina para os 78 milhões de bovinos e bubalinos com até 2 anos de idade.

O número é 44,5 milhões menor do que o total vacinado na segunda etapa no ano passado porque em maio deste ano, os rebanhos dos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre e Rondônia e parte do Amazonas e de Mato Grosso obtiveram a certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como zonas livres de aftosa sem vacinação, se juntando ao Estado de Santa Catarina.

A falta de vacinas se explica porque o Brasil caminha para ser totalmente livre de vacinação até 2026, meta do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA). Com isso, as empresas perderam o interesse em produzir no país. O país tinha sete indústrias com licença para a fabricação da vacina contra a febre aftosa e atualmente tem apenas três: Ourofino, em Ribeirão Preto-SP, Ceva Saúde, em Juatuba-MG, e MSD, em Montes Claros-MG. Outras duas empresas (Biogénesis e Biovet) apenas distribuem a vacina em parceria com as indústrias que produzem.

Queda na produção de vacinas

Em outubro, o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), Emílio Salani, admitiu a queda no número de fabricantes, mas disse que não iria faltar vacina para a campanha.

Também em outubro, Ana Vidor, chefe da Divisão de Febre Aftosa e Outras Doenças Vesiculares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi na mesma linha e disse que estava fazendo a gestão da demanda de vacinas junto ao Sindan para garantir o abastecimento do mercado.

FAESP monitora dificuldade do produtor em comprar vacina contra febre aftosa

A Federação está levantando dados para identificar se são problemas localizados a regiões específicas ou se está ocorrendo em todo o Estado de São Paulo. O produtor que encontrar dificuldade em adquirir vacinas pode entrar em contato com a FAESP para informar o problema e a localidade da propriedade.

A FAESP vai atuar de maneira proativa em favor dos pecuaristas para buscar soluções e, se necessário, vai oficiar a Secretaria da Agricultura e Abastecimento que verifique a ocorrência da falta do imunizante no Estado. Caso seja identificada dificuldade em cumprir a campanha no tempo estipulado, a Federação pode solicitar dilação de prazo junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Isso já foi feito em outras ocasiões, como na primeira fase da campanha deste ano – o prazo se encerraria em 31 de maio, mas foi prorrogado para 30 de junho.

A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que afeta bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos. Ela causa febre, seguida do aparecimento de vesículas, as chamadas aftas, principalmente na boca e nos pés de animais de casco fendido.

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