Adjuvante não é tudo igual – veja as diferenças e potenciais

Cada defensivo agrícola possui características químicas e agronômicas diferentes e que cada um deles possui um adjuvante específico para melhorar sua performance

Por Bruno Francischelli* e Natália Gonçalves* – Por definição, adjuvantes agrícolas são insumos utilizados na agricultura e que não possuem atividades fitossanitárias, mas são produtos extremamente importantes para otimizar a operação, a tecnologia de aplicação e aumentar a performance dos defensivos utilizados.

Quando falamos em melhorar a tecnologia de aplicação e performance dos defensivos podemos citar algumas caraterísticas por etapa da aplicação. Durante a mistura de tanque os adjuvantes podem atuar na solubilização da calda, compatibilidade entre químicos, estabilidade, redução de espuma e controle ou adequação do pH. Já na aplicação, eles influenciam na formação do spray, controlando o tamanho e padrão de gotas, fatores extremamente importantes para minimizar a deriva.

Alguns adjuvantes de alta tecnologia podem também influenciar no tipo de impacto entre gota-alvo, minimizando os respingos da calda por um efeito conhecido como anti-rebote. Quando já em contato com o substrato, os adjuvantes são extremamente importantes para manter o molhamento, espalhamento/recobrimento das folhas. E por fim, podem também influenciar na absorção e translocação dos defensivos e fertilizantes pelas plantas, bem como na retenção e resistência a lavagem por chuvas.

Como vimos acima os adjuvantes podem influenciar nossas aplicações em diferentes aspectos, mas os pontos máximos de todas estas características só podem ser atingidos com estruturas químicas específicas e diferentes entre si. Assim, para dizer que um adjuvante é multifuncional teríamos que possuir todas essas químicas diferentes no mesmo produto, em um mesmo frasco.

Infelizmente não é possível extrair o máximo de todas estas funcionalidades em um único produto, pois muitas delas são quimicamente antagônicas entre si. Sendo assim o que acontece com uma parte desses produtos é que se prevalece certas características ou funções em detrimento de outras. Atrelado a isso é importante trazermos para discussão que cada defensivo agrícola possui características químicas e agronômicas diferentes e que cada um deles possui um adjuvante específico para melhorar sua performance.

Por exemplo, podemos citar a aplicação de fungicidas sistêmicos e protetores em uma mesma calda e que possuem aspecto agronômico completamente diferentes. O fungicida sistêmico precisa ser absorvido e translocado na folha, enquanto o fungicida protetor precisa se espalhar e permanecer na superfície da folha cumprindo seu papel.

Então, eu pergunto aos leitores, vocês acreditam que o mesmo adjuvante pode ter essas duas funções a um nível excepcional?

Sabemos também que a aplicação da maioria dos fungicidas protetores também é bastante problemática no que diz respeito a mistura de tanque e pulverização. Podemos ter um único adjuvante que irá otimizar todas as necessidades do campo, sabendo que cada vez mais trabalhamos com misturas mais complexas? E a minha resposta é: NÃO!!!

Muitas pessoas nos perguntam por que as próprias formulações de defensivos já não contêm esses adjuvantes específicos dentro de suas formulações?!E a resposta é simples: muitos adjuvantes não são compatíveis dentro da formulação ou não há espaço suficiente para adicioná-lo a uma concentração que teria realmente efetividade no tanque de pulverização.

Hoje na agricultura brasileira a grande maioria das aplicações são feitas com adjuvantes que nem se quer conhecemos suas reais funções na aplicação, normalmente são escolhidos apenas pelo custo ou pela parceria comercial. Vemos no campo que esse problema tem levado inclusive a perda de performance de alguns defensivos, já até nos deparamos diversas vezes com adjuvantes degradando ingredientes ativos e interferindo negativamente na aplicação. Mas fica difícil para o agricultor ter esse tipo de observação e avaliação mais profunda no campo.

Porém, algumas marcas passaram a se preocupar com esse cenário. É o caso da DVA Agro no Brasil, que tem como objetivo mudar essa mentalidade de adjuvantes multifuncionais e “milagrosos”, onde todos parecem ser iguais. Estamos focados na aproximação com a realidade do campo, conhecer a necessidade real de cada aplicação e então, fazer recomendações para que o agricultor tenha realmente a resposta esperada e potencializada de cada defensivo utilizado.

Bruno Francischelli é Engenheiro Agrônomo e coordenador de marketing na DVA Brasil e Natália Gonçalves é Engenheira Química e Global Head of R&D Agro na DVA Global

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