O embargo da China à carne bovina brasileira passou despercebido pelas ações de JBS, Marfrig e Minerva, os principais frigoríficos brasileiros com foco no produto.
Diversificado e com operações em outros países, o trio viu seus papéis subirem na B3 desde a suspensão das exportações, em 4 de setembro, também em consequência da baixa disponibilidade de gado no Brasil.
As primeiras informações sobre os dois casos atípicos do mal da “vaca louca” em Mato Grosso e Minas Gerais começaram a circular na semana do dia 30 de agosto nas redes sociais de produtores rurais. O Ministério da Agricultura manteve-se em silêncio por alguns dias, até a confirmação dos resultados.
Nesse período de incerteza, o papel que mais sentiu foi o da Minerva. Entre os dias 30 de agosto e 3 de setembro, as ações da maior exportadora de carne bovina da América do Sul caíram 7,7%, para R$ 7,79. As da JBS, líder global em proteínas animais, que obtém a maior parte de sua receita nos EUA — onde o mercado está favorável aos resultados —, recuaram 0,3%, para R$ 31,10, e as da Marfrig, a segunda maior companhia de carnes, também forte nos Estados Unidos, até subiram: 1,76%, a R$ 20,04.
A confirmação dos casos atípicos saiu no dia 4, um sábado. Depois, o Brasil suspendeu voluntariamente suas vendas à China, como prevê o protocolo sanitário bilateral firmado com o país asiático, que vinha absorvendo 60% dos embarques brasileiros de carne bovina.
Mas a notícia não abalou os grandes frigoríficos, embora tenha prejudicado os negócios de empresas de menor porte do segmento. As ações das três companhias fecharam ontem em patamares mais elevados que em 3 de setembro.
Para acalmar os investidores, a Minerva anunciou logo no dia 6 mudanças logísticas para se adequar à situação. A empresa informou que manteria o fornecimento aos chineses por meio de três plantas de sua subsidiária Athena Foods localizadas no Uruguai e na Argentina. Com isso, entre os dias 3 e 30 de setembro, os papéis da empresa acumularam alta de 34,1%, para R$ 10,45.
No caso da Marfrig — que também viu investidores elevarem a aposta em uma fusão com a BRF, da qual a empresa de Marcos Molina comprou fatia de quase 32% —, a valorização no mesmo período foi de 28%, a R$ 25,66. E, se quase não sentiu os tremores da “vaca louca” atípica, a JBS foi a que menos subiu desde o dia 3, ainda que o aumento (de 19,2%, para R$ 37,07) tenha sido expressivo.
- Você sabe por que os humanos começaram a beber leite de vaca?
- CerealCred: nova solução de crédito para associados da Acebra em parceria com a Farmtech
- Prestes a realizar o maior leilão da história do Quarto de Milha, Monte Sião Haras adquire totalidade da égua mais cara do Brasil
- Região do Cerrado Mineiro avança no mercado global com leilão virtual
- Mudanças climáticas redesenham a agricultura brasileira
Mas nem só de JBS, Marfrig e Minerva vive o segmento de carne bovina, e para algumas empresas o silêncio chinês, que ainda não sinalizou quando será a reabertura, já se tornou ensurdecedor. Nesse contexto, cresce a pressão por uma revisão do protocolo bilateral com a China.
Afinal, em casos como o atual, o Brasil tem que suspender “voluntariamente” as vendas, mesmo que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) ateste que não há riscos para a saúde humana e animal, como agora. Mas não pode voluntariamente retomar os embarques.
Com informações do Valor.