Pecuaristas, representados por sindicato, manifestaram repúdio à manobra de grandes frigoríficos, que tentam ampliar o controle sobre o gado comprado na Amazônia
recentemente alegando pressão de investidores e ONGs, grandes empresas de carne do Brasil lançaram programas para ampliar o controle do gado que compram das fazendas da Amazônia. JBS, Marfrig e Minerva anunciaram projetos que vão tentar rastrear, desde o nascimento, todos os bovinos adquiridos para evitar comprar produtos que tenham origem em áreas desmatadas.
A JBS inclusive lançou o programa Juntos pela Amazônia, que prevê, entre outras iniciativas, o uso da tecnologia Blockchain – a mesma da negociação de criptomoedas – para criar um grande banco de dados de todos os seus fornecedores, diretos e indiretos. “Vamos buscar informações do fornecedor do nosso fornecedor, cruzando os dados com listas do Ibama e análises geoespaciais”, disse o presidente global da JBS, Gilberto Tomazoni. “Isso permitirá 100% do controle da cadeia de fornecedores até 2025.” Semanas anteriores, outra gigante do setor, a Marfrig, havia anunciado iniciativa semelhante.
O Sindicato Rural da Alta Noroeste do Estado de São Paulo publicou uma nota de repúdio onde julga absolutamente desmedida a atitude de ceder a ONGs, que estariam supostamente preocupadas com o abate de animais provenientes de áreas desmatadas, anunciaram programas para monitorar toda a cadeia de bovinos.
Segundo nota, esse comportamento cria um distanciamento daqueles pecuaristas que agiram absolutamente dentro da legalidade, e não aceitam ser monitorados por qualquer organização não governamental sem poder institucional para isso.
Confira a nota de repúdio completa abaixo ou clicando aqui.
NOTA DE REPÚDIO
Araçatuba, 28/09/2020 – O SIRAN (Sindicato Rural da Alta Noroeste) manifesta o seu repúdio à manobra de grandes frigoríficos brasileiros, que tentam ampliar o controle sobre o gado comprado de fazendas na Amazônia.
Para esta entidade, que há quase 80 anos é referência nacional na agropecuária, soa absolutamente desmedida a atitude de JBS, Marfrig e Minerva, que, dizendo-se sob pressão de investidores e de ONGs (brasileiras e estrangeiras) que estariam preocupadas com o abate de animais provenientes de áreas desmatadas, anunciaram programas para monitorar toda a cadeia de bovinos.
A notícia caiu como bomba junto aos pecuaristas, sendo que a repercussão negativa foi imediata e de indignação do setor produtivo da pecuária de corte.
Fazemos coro ao GPB (Grupo Pecuária Brasil), para quem os frigoríficos em questão estão criando, com esta postura, uma situação de distanciamento daqueles pecuaristas que agiram absolutamente dentro da legalidade, e não aceitam ser monitorados por qualquer organização não governamental sem poder institucional para isso.
É inadmissível e indigno que empresas brasileiras alinhem-se a interesses de legitimidade no mínimo duvidosa, ferindo uma relação de confiança construída ao longo de décadas com o pecuaristas nacionais que estão dentro da legalidade.
Avaliamos que, ao contrário do que pode parecer ao público leigo, esta ação orquestrada não vem solucionar problemas ambientais da cadeia da carne, mas sim desmerecer e desvalorizar ainda mais o já combalido e batalhador pecuarista brasileiro, o verdadeiro responsável pelo fazer do Brasil um dos maiores fornecedores de carne bovina do mundo.
Diante do exposto, o SIRAN solicita às autoridades e às entidades agropecuárias a sua máxima atenção e que, desde já, intercedam favoravelmente à pecuária nacional, no sentido de posicionar-se e agir contrariamente ao plano dos frigoríficos aqui descritos, em favor da sociedade brasileira.