ABPA questiona estudo do IBPT que aponta o ovo como vilão da inflação

Dados são divulgados sem o devido contexto, o que tem gerado reações negativas e indevidas contra o setor nas redes sociais.

A Associação Brasileira de de Proteína Animal (ABPA) e o Instituto Ovos Brasil (IOB), em representação ao setor produtor de ovos do Brasil, manifestam preocupação quanto aos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento de Tributação (IBPT) que, em posicionamento divulgado à imprensa nacional, aponta o produto ovo como grande vilão da inflação – na fala de seu presidente, João Eloi Olenike.

A fala e o estudo são divulgados sem o devido contexto, o que tem gerado reações negativas e indevidas contra o setor nas redes sociais.

Não está clara, no arquivo divulgado, a metodologia aplicada para os levantamentos – como, por exemplo, se foram considerados exatamente os mesmos tipos de ovos, ou se são de marcas diferentes – apenas que se trata de um levantamento com base em dados provenientes de vendas nas gôndolas. Também não fica clara a margem de participação do varejo na formação de preço.

Já nas vendas feitas pelos produtores a realidade é bastante diferente do dado informado pelo IBPT.  Aqui cabe destacar: não se questiona o resultado do índice publicizado pelo IBPT – já que não há informações claras sobre como foram obtidos – e, sim, a sua metodologia, que parece não levar em conta tipo de produto, transporte, praças de venda e outros pontos de formação de preço.

De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) que considera preços no atacado, a variação da caixa de ovos de 30 dúzias branco foi de 37,3%, passando de R$ 105,00 em março de 2020 (início do período da pandemia) para R$ 144,51 em maio de 2022 (dado mais recente).

No mesmo período comparativo, o preço da caixa de 30 dúzias de ovos vermelhos aumentou 30,9%, de R $123,96 para R$ 162,25.

As altas, diferente do colocado pelo IBPT, são resultados diretos das altas dos custos de produção registrados no período.

O principal ponto de impulso aos preços está na alta do milho e da soja, insumos básicos que compõem mais de 70% dos custos de produção. No caso do milho, a saca de R$ 60 kg aumentou de R$ 57,41 (março de 2020) para R$ 87,36 (maio 2022), uma alta comparativa de 52,2%. Já a soja (saca de 60 kg) aumentou 114%, saltando de R$ 88,23 para R$ 188,96.

Além disso, o preço do papelão, por exemplo, aumentou mais de 80%. Diesel, energia e outros pontos também impactaram o custo.

Os dados dos custos de produção ilustram a problemática enfrentada pelo setor de ovos neste quadro produtivo. Ao mesmo tempo, os índices do Cepea mostram que o setor produtivo está longe de ser o vilão do quadro inflacionário. Vilã, neste caso, é a desinformação, que causa julgamentos injustos aos avicultores, que estão dedicados à produção de um produto de alta qualidade e acessível a todas as classes sociais, e que não pararam de produzir mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia.

Fonte: ABPA
Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM