ABCZ luta contra rotular comida à base de plantas como “carne”

Nota oficial da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) traz duras críticas a à apropriação indevida das denominações “carne” e “leite” para alimentos à base de plantas

A Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) resolveu manifestar seu descontentamento sobre um assunto que volta e meia está em evidência no Brasil e no mundo. A maior associação de criadores do mundo foi bastante enfática – “Temos percepção clara de que o uso impróprio dessas palavras traduz-se em propaganda enganosa perante os consumidores, ao fazer crer que estão ingerindo substâncias com as mesmas propriedades organolépticas e nutricionais, quando na verdade estudos demonstram que são díspares.”

No mundo também gera bastante polêmica. Recentemente os políticos do Texas, estado mais ao sul dos EUA, aprovaram projeto de lei que proíbe o uso do termo “carne” e “bife” nos rótulos de alimentos à base de plantas.

Na nota é possível ver a menção também de um estudo recente divulgado pela prestigiosa revista científica Nature, onde mostrou uma diferença de 90% entre os “plant based” e as proteínas de origem animal no metabolismo nutricional de humanos. Para isso, os pesquisadores fizeram uma comparação metabólica entre 18 amostras de um produto “plant based” e carne moída convencional de gado angus criado a pasto. Apesar das semelhanças nos rótulos nutricionais, a análise metabólica apontou diferença de 90% em metabólitos entre os produtos.

Confira a nota completa, na íntegra

A Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) vem a público manifestar sua posição contrária à apropriação indevida das denominações “carne” e “leite” (destinadas a produtos de origem exclusivamente animal) pelos produtos integralmente vegetais, denominados “plant based”. A manifestação pública da entidade responde à convocação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que busca colher percepção da sociedade sobre tal assunto.

Desta forma, o posicionamento contrário da ABCZ à tal medida representa nosso respeito e nossa defesa ao trabalho dos mais de 23 mil associados, cujo fomento e produção atingem mais de 80% do rebanho bovino nacional, com produção estimada em 2020 de 10,5 milhões de toneladas de carne bovina e 24,5 milhões de toneladas de leite.

Temos percepção clara de que o uso impróprio dessas palavras traduz-se em propaganda enganosa perante os consumidores, ao fazer crer que estão ingerindo substâncias com as mesmas propriedades organolépticas e nutricionais, quando na verdade estudos demonstram que são díspares. Exemplo está em levantamento publicado na prestigiosa revista científica “Nature” de 05 Julho de 2021, por pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Duke, que, em ementa, concluíram que o perfil metabólico entre a carne bovina e os “plant based” diferem-se em 90%, pois dos 190 metabólitos analisados apenas 19 são comuns, não sendo possível defender nutricionalmente que se possa substituir um produto por outro, ou que sejam intercambiáveis, como a nomenclatura pretendida de “carne vegetal”, “leite vegetal” ou “ovo vegetal” deixa entender.

Desta forma, pedimos ao competente Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que refute esses nomes impróprios aos “plant based”, cumprindo mais uma vez o seu papel de proteger a saúde dos consumidores e de defender a posição – louvável – de liderança do Brasil no mercado mundial de proteína animal.

Nota é assinada pelo presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior.

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