Rendimento na desossa recorde é constatado em abate técnico promovido pelo Nelore ADIR; rendimento na desossa de 84,9% e 100% Cota Hilton
Em se tratando de raça bovina de corte, o abate técnico talvez seja a mais completa ferramenta para avaliar um animal ou um lote deles, e avaliar os pais. É a confirmação do que aprendemos com a ezoognozia ou exterior, ciência que estuda o exterior dos animais domésticos e suas funções zootécnicas. É a ferramenta mais importante na seleção, mostra e facilmente separa os animais produtivos dos improdutivos.
No mês passado aconteceu o sétimo abate técnico de progênie de reprodutores do Grupo ADIR, garrotes cara limpa entre 18 a 19 meses filhos do touro ROUND da 2L em matrizes comerciais. Para isso, os animais foram adquiridos na desmama do criador Álvaro Costa e Silva da Fazenda Ribeirão Preto, Nova Crixás (GO). Recriados à pasto e confinados durante 87 dias conferindo-lhes um peso vivo de 512 kg, já o peso da carcaça quente foi de 295 kg resultando em um rendimento de carcaça de 57,62%, números muito superiores às médias nacionais.
Os resultados foram expressivos, o lote apresentou rendimento na desossa de 84,9% e todos os animais foram classificados na Cota Hilton. A Cota Hilton estabelece um volume limite de exportação de cortes bovinos de alta qualidade, provenientes de países credenciados, para a União Europeia (UE). A característica é de que seja composta por cortes especiais do quarto traseiro de novilhos precoces, desossada, fresca ou resfriada, com alto padrão de qualidade.
Avaliações e análises produzidas
Durante o abate dois pesquisadores avaliaram outras características das carcaças – área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea (EGS), cor da carne, cor de gordura, pH depois de 48 horas, ossificação, rendimento de carcaça, rendimento de cortes cárneos, acabamento e dentição. Os trabalhos foram conduzidos pelo Dr. Marcelo Aranda da Silva Coutinho, pesquisador na empresa Brazil Beef Quality e Dr. Sérgio Pflanzer do Departamento de Tecnologia de Alimentos – UNICAMP.
O Nelore ADIR tem sido pioneiro nesta forma de avaliar, passando todos os seus touros pelo crivo, e divulgando os resultados. Já são 6 reprodutores avaliados, e mais um lote filhos de touros de monta natural. O primeiro objetivo é sempre mostrar todo o potencial que tem o Nelore quando bem é selecionado, não é inferior a nenhuma raça, quando bom a pasto, se tratado for em confinamento, responde muito bem, rende adequadamente como raça de corte, e é lucrativo.
Sabidamente veremos que os melhores resultados nos abates virão dos animais com boa cobertura de carne, e equilibrados, como dizemos, com “tudo no lugar”. Os melhores rendimentos virão dos que tem boas pernas com bons aprumos, dorso comprido, largo, plano ou levemente inclinado, peito e garupas largas, garupa comprida, ossatura equivalente a cada raça, leve com consistência, couro fino e flexível, barriga equivalente ao corpo. Ao contrario, os piores rendimentos virão dos animais em desarmonia com o tipo do animal de corte, pernas ruins que prejudicam inclusive os cortes cárneos, dorso, peito e garupa estreitos, dorso selado ou muito inclinado, garupa curta, ossatura grosseira, couro grosso e barriga muito volumosa.
“No quadro abaixo é possível celebrar o equilíbrio do gado do ADIR, as diferenças são mínimas, o rendimento de carcaça muito bom em todos os filhos dos reprodutores disponibilizados para o mercado. Outra detalhe importante foi o rendimento da desossa, até então achávamos que o Jiandut seria insuperável, daí vem o Round e produz animais com rendimento superior a 84% na desossa, ou seja, é muita carne para pouco osso, o osso é basicamente sustentação, o restante é muita carne produzida” – João Bonifácio Gonçalves, consultor pecuário.
“O Round se mostrou extremamente precoce exibindo ótima composição de carcaça, tamanho e proporções de peça e um acabamento precoce. O resultado do gancho comprovou isso, alto rendimento, acabamento ideal para a Cota Hilton, as peças muito compridas e uma composição que realmente é de um animal eficiente. Importante ressaltar que as características do reprodutor foram repassadas na progênie, animais comerciais provaram essa qualidade de carcaça com o melhor rendimento de desossa até agora dentre todos os abates. Esse foi o maior rendimento de desossa que um touro já atingiu, qualidade buscada pelo Nelore ADIR, animais com essas características de carcaças tem uma alta capacidade de transmissão de carcaças eficientes no gancho” – Carlos Marino.
Round da 2L é filho do Naman FIV da 2L (Visual da ZEB) em matriz Faulad da SC, reprodutor diferenciado, de passagens extremamente harmônicas e pigmentação de pele muito firme. Produz animais de excelente equilíbrio e muita carne.
“Não existe nada mais real que um abate técnico, nele retrata exatamente o que o reprodutor é, não existe suposição no abate técnico, expressa a realidade. Neste último abate é possível ver como o Round padronizou o peso das carcaças, trazida pela padronização que o animal transmite, no fim das contas o que importa ao produtor rural é o rendimento de carcaça, as vezes o animal pesa muito mas rende muito pouco. Importante salientar também que fizemos um abate com isenção total, fizemos com filho do nosso reprodutor, com gado de terceiros e validado por entidade e pessoas que chefiam entidades que podem direcionar o rumo da pecuária no país, por isso destacamos a importância do abate técnico” – declarou Paulo Leonel, do Nelore ADIR.
“Se falássemos há bem pouco tempo atrás, que o Nelore poderia ser abatido com menos de 20 meses de idade, com peso superior a 19@, rendimento de carcaça superior a 57%, rendimento de desossa superior a 80% , seria o assunto motivo de discórdias e muita falácia, pois resultado era atribuído somente as raças europeias. Isto já e rotina na seleção Nelore dos criadores selecionadores Adir e Paulo Leonel, sendo feito desde 2014. Nelore, puro, mais de 50 anos de seleção sob as condições nada amenas de clima e solo pobre” – finalizou João Bonifácio.
Determinado e comprovado o potencial da raça, caberá a cada criador analisar os seus custos de produção dentro da forma de criação e o manejo de cada um. O potencial genético esta aí, descoberto, multiplicável e disponível no mercado. Analisando os resultados é possível afirmar a padronização dos resultados das avaliações. Os reprodutores são uniformes no tipo e também nos dados dos abates, fato que reflete nas avaliações de carcaça tanto dos próprios touros como dos filhos destes que são vendidos como reprodutores.
Artigo por Marcio Peruchi com a colaboração de João Bonifácio Gonçalves.
Confira algumas imagens do abate:
