A região de Alto Paraguai pode ser nova fronteira agrícola da América Latina

Nova rota logística para os grãos do continente, Rota Bioceânica promete alavancar ainda mais o agronegócio na região do Alto Paraguai

Com terras férteis e localização plana, além de favorável à exportação, a região do Chaco Paraguaio vem crescendo ano a ano no agronegócio. Composto por três departamentos (Estados), sendo eles Boquerón, Alto Paraguai e Presidente Hayes, a região sozinha possui aproximadamente 50% de todo o rebanho bovino paraguaio.

E, a região do Alto Paraguai especificamente, está tendo um crescimento exponencial. Segundo Niversindo Cordeiro que já foi presidente por vários anos e atualmente é vice-presidente primeiro da Associação Rural do Paraguai regional Alto Chaco, há cerca de 15, 20 anos o Alto Chaco tinha praticamente de 250 a 300 mil cabeças de gado e hoje possui 1 milhão e 800 mil cabeças.

Para entender a importância esse número representou no ano de 2021/2022, 33% de todo gado exportado ou abatido nos frigoríficos do Paraguai saíram do departamento do Alto Paraguai.

“Então teve um crescimento muito grande na área de ‘ganaderia’ (pecuária, na tradução) e atualmente também está aumentando muito a agricultura, plantação de algodão, milho e também a soja que nos últimos anos está tendo um incremento muito grande na produção”, disse Cordeiro.

E, apesar do potencial de crescimento o problema da região é a infraestrutura, praticamente só existe uma rota asfaltada para escoar a produção agrícola da região que vai do distrito de Carmelo Peralta até Porto Murtinho na divisa com Mato Grosso do Sul, e, juntamente com o Chile, o Brasil é um dos maiores compradores da carne paraguaia.

“Estrategicamente para nós será muito interessante a Rota Bioceânica pois poderemos exportar a nossa carne direto do Alto Paraguai para Chile e Brasil que são um dos maiores compradores da nossa carne. Seria interessante também a instalação de frigoríficos também, dois poderiam abater de 600 a 700 bois por dia”, explicou.

Atualmente para escoar o gado da região do Alto Paraguai até a capital Assunção são cerca de 600 km a serem percorridos, o que eleva o custo com o frete.

“Também enfrentamos problemas com a infraestrutura na produção agrícola, ainda falta a instalação de silos, de mais rotas, e entendemos que com a Bioceânica vai ter um crescimento muito grande para o nosso departamento e estamos esperançosos. Agora temos um novo governo que está prometendo bastante e como produtores estamos muito entusiasmados”, enfatizou.

O empresário rural Egon Neufeld disse que existe a projeção de que, em 2030, as áreas do Alto Chaco, no Paraguai, tenham cerca de 500 mil hectares de soja, o que converteria essa parte do país em um polo agrícola. A região já é conhecida pela pecuária, que ocupa 4 milhões de hectares no Chaco, sendo a principal atividade praticada, enquanto a agricultura ocupa apenas 40 mil hectares, dos quais 10 mil hectares são de soja em caráter experimental.

Contudo, espera-se que a agricultura não fique atrás, já que há vários anos estão sendo realizados testes com variedades de soja resistentes ao solo e ao ambiente hostil característico da região ocidental.

As projeções de Neufeld são tão otimistas que ele chega a pensar em até 800 mil hectares nos próximos anos. Contudo, ele destaca que, para que isso ocorra, seria necessário também o investimento público em infraestrutura, principalmente na logística e na rede elétrica.

Curiosidade – O Chaco no Brasil: No país, o Chaco está localizado principalmente dentro de fazendas na região de Porto Murtinho (MS), na fronteira com áreas semi-alagadas do Pantanal e com o Paraguai. 

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Foto: Divulgação

Rota Bioceânica

Para encurtar em 8 mil km a distância percorrida pelos produtos paraguaios e também para os produtores brasileiros rumo ao mercado asiático, integrando Brasil, Paraguai, Argentina e Chile está a todo vapor a Rota Bioceânica, uma ponte que será implantada no km 1000 da Hidrovia do Paraguai e distante 7 km pelo rio ao norte de Porto Murtinho.

A Rota Bioceânica é impulsionada por investimentos privados e públicos e tem potencial para movimentar R$ 1,5 bilhão em Mato Grosso do Sul. A Ponte Bioceânica terá um comprimento de 680 metros, duas pistas de rolagem de veículos de passeio e caminhões, com 12,5 metros de largura, e duas passagens nas laterais, com 2,5 metros cada uma, para o trânsito de pedestres e ciclistas.

Com previsão para de conclusão para 2024, a obra será feita pelo consórcio Paraguai-Brasil, composto por empresas brasileiras e paraguaias num valor contratado de 616.386.755,744 guaranis, o que equivale a quase meio bilhão de reais, a serem pagos pela Itaipu Binacional.  

O governo de Mato Grosso do Sul aposta atualmente em dois eixos logísticos para atrair investidores, ampliar as exportações e fomentar o desenvolvimento estadual: a consolidação da Rota Bioceânica, com início da obra da ponte entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta sobre o Rio Paraguai, e as ferrovias, com a reativação da Malha Oeste, que está sucateada há mais de duas décadas, e a licitação da Nova Ferroeste. Com essas medidas, a expectativa é de que o estado vire um grande hub de logística na América do Sul, reduzindo custos e dando mais competitividade.

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