A produção de carne de peru registra queda de 63% ao longo dos últimos 10 anos

O setor está empenhado em ampliar o consumo de peru e outras aves típicas do Natal para diferentes períodos do ano. Prevê-se um aumento nas exportações em 2023

A produção de carne de peru experimentou uma notável diminuição no Brasil em comparação ao seu auge no passado. Em 2012, atingiu a marca de 442 mil toneladas, mas, uma década depois, em 2022, esse número declinou para 162 mil toneladas, representando uma redução de 63%.

O mercado interno ainda continua sendo o principal destino para a carne de peru, absorvendo 63,47% do consumo total, enquanto os 36,53% restantes são destinados à exportação, conforme dados fornecidos pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

As exportações de carne de peru também já foram mais expressivas. Há dez anos, o país enviava 179 mil toneladas desse produto ao exterior, número que diminuiu para 59 mil toneladas em 2022. Apesar da queda na quantidade exportada, a receita teve uma recuperação a partir de 2021, alcançando 189 milhões de dólares no ano passado.

O diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) otimisticamente prevê um aumento na produção e nas exportações de carne de peru para o ano de 2023. Ele destaca que, considerando dezembro como o principal mês para o consumo dessa carne, especialmente associada à ceia brasileira, espera-se um aumento de 20% nas exportações em comparação ao ano anterior.

Antecipando os resultados finais, o diretor sugere que 2023 testemunhará um aumento no consumo doméstico da carne de peru, refletindo também nas outras aves típicas das festividades natalinas. Ele prevê que o ano encerrará com números positivos, ultrapassando as 170 mil toneladas produzidas e exportações superiores a 70 mil toneladas.

Crescimento do Consumo

As vendas de carne de peru no Brasil ainda mantêm um foco acentuado no período que antecede o Natal. Contudo, observa-se um movimento de transformação, visando integrar essa proteína de forma mais significativa à dieta dos brasileiros.

José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), relata que a carne dessa ave já está gradualmente encontrando espaço nos cardápios de restaurantes e em programas de gastronomia.

“Do ponto de vista nutricional, trata-se de uma carne com menor teor de gordura, mais leve […]. No final do ano, é comum vermos o peru inteiro sendo utilizado nas ceias de Natal no Brasil, ou no feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. Notamos também a presença de cortes de peru disponíveis no mercado. Assim, ao longo do tempo, a população vai ajustando seus padrões alimentares.”

Aves especiais para as festividades

Além do peru, outras aves natalinas ganham destaque nas vendas durante esta temporada, especialmente os frangos especiais, que estão conquistando cada vez mais espaço.

Essas variedades de proteínas chegam ao mercado com embalagens inovadoras, cortes diferenciados e temperos exclusivos. A alteração no formato não apenas diversifica as opções disponíveis, mas também atrai diferentes segmentos de consumidores.

“Até certo ponto, observávamos que alguns cortes de aves não estavam facilmente acessíveis ao consumidor. Hoje, nos corredores dos supermercados, nos deparamos com cortes que há cinco ou três anos eram menos comuns. Além disso, surgiram embalagens projetadas especificamente para aqueles que desejam consumir no mesmo dia, evitando armazenamento prolongado. Existem embalagens que estendem a vida útil do produto, incluindo opções com os produtos congelados separadamente.”

Presença no mercado global

Cerca de 70% da produção de frango de corte no Brasil provém dos estados do Sul do país. A projeção para este ano é uma produção de 14,9 milhões de toneladas dessa proteína, consolidando a participação brasileira em mais de um terço do comércio mundial.

As exportações previstas para este ano também apontam para números históricos, entretanto, o mercado internacional apresenta novos desafios.

“Aqueles que buscam operar com segurança no setor avícola devem manter vigilância sobre o cenário econômico, as condições sanitárias, uma vez que a ameaça da influenza está presente no Brasil. Além disso, as questões ambientais são cruciais, pois cada vez mais surgem obstáculos comerciais baseados em requisitos ambientais”, esclarece o presidente da Asgav.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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