Trabalhador do porto de Santos que carregava 300 kg de café representa até hoje a força da mão de obra
Imagine um único trabalhador que conseguia carregar ao mesmo tempo cinco sacas de café, que ao todo pesavam 300 quilos. Essa é a história do trabalhador portuário que simboliza até hoje a força da mão de obra no Porto de Santos, conhecido como Jacinto, o Sansão do Cais.
Embora seja uma lenda, pouco se sabe sobre esse personagem. Segundo Pietro Amorim, historiador do Museu do Café, localizado em Santos, a história foi apropriada e reproduzida de diferentes formas ao longo do tempo.
“Alguns dizem que ele era português, outros que participava de um concurso de força. Recebeu até o nome de ‘Sansão do Cais’, outras versões da lenda ainda relatam o carregador como originário da Espanha.
O rapaz havia sido vítima de tuberculose, morrendo ainda jovem e no meio do auge de sua popularidade como Sansão. A variedade da história, segundo Pietro, se dá pelo grande volume de fotos tiradas no Porto durante a década.
“O baixo custo fazia com que eles se tornassem meios de comunicação populares, proporcionando uma grande circulação dessas imagens, de modo que a figura de Jacinto tenha sido divulgada para outros lugares”, diz.
De acordo com o historiador, para os trabalhadores que atuavam na época recebendo a carga de um navio e arrumando devidamente no porão ou num compartimento, afirmavam que apenas duas sacas nos ombros já era um peso que poucos podiam suportar.
“Isso nos faz questionar a veracidade das imagens, como a dúvida se, de fato, eram sacas de café de 60 kg ou se eram outros produtos mais leves, como amendoim descascado, arroz ou cacau”, explica.
Não se sabe ao certo se realmente existiu o Sansão do Cais, mas o personagem tem muito a ensinar, tanto que virou um livro, o “Jacinto, o Sansão do Cais Santista”, do jornalista e escritor Sérgio Willians. O romance, baseado na figura lendária do único trabalhador que conseguia carregar ao mesmo tempo cinco sacas de café que pesavam 300 quilos, foi lançado no ano de 2011 no Museu do Café em Santos.
“Se considerarmos a exaustiva rotina desses carregadores, por trás da imagem de Jacinto, podemos ver homens que iam aos extremos de sua capacidade física para sobreviver”, destaca o historiador Pietro.
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