A história da javali Maria

Uma história que é, no mínimo, interessante. Afinal de contas, os caçadores são “ruins” como se diz a mídia e os ditos “ambientalistas”? Confira e dê sua opinião!

Como todas as histórias, esta também começa com o “Era uma vez”! 

Era uma vez um javali fêmea, ou uma javali. Vamos chamar-lhe Maria. Era uma vez uma javali que se chamava Maria e que andava livremente pela natureza. A Maria tinha vários amigos javalis, mas todos javalis. Não gostava de mais nenhum outro animal. Só se fosse para comer, mas isso são outras histórias.  

Um belo dia, a Maria encontrou um javali macho, o Miguel. O Miguel apaixonou-se pela Maria, assim como se apaixonava por todas as outras javalinas Marias. E elas por todos os javalinos Miguel. Ou seja, não havia histórias de amor, mas sim histórias da vida real animal, onde não há amor, há reprodução e acasalamento.  

O Miguel fecundou a Maria e ela ficou prenhe. Mas já havia ficado outras vezes. E continuou a sua vida, mais durante a noite, com a sua grande barriga. 

Entretanto, no meio de toda esta história, havia um Homem que era caçador. Podemos chamá-lo de Ricardo. O Ricardo gostava de caçar e, associado a isso, gostava de gerir, preservar e conservar. O Ricardo gosta muito de fazer esperas noturnas aos javalis, um método de caça seletivo. 

Como o Ricardo vive de forma muito intensa as esperas noturnas, decidiu colocar uma máquina de filmar numa árvore, para filmar e fotografar todos os animais que apareciam naquela zona. Coincidência ou não, o Ricardo tinha filmado a Maria. Viu logo que ela deveria estar prenhe, porque tinha uma barriga muito grande. 

Devido a esta situação, o Ricardo decidiu colocar mais milho para dar de comer à Maria – algo que já fazia habitualmente, mas agora teria de reforçar a dose. 

Os dias foram passando, e a ansiedade do Ricardo re-dobrava ao ir até ao cevadouro (local onde dá de comida aos animais e onde faz as esperas), para ver se a Maria já tinha tido os bebés. 

Numa filmagem que tinha, parecia que a Maria estava ferida, pois tinha um corte muito grande. O Ricardo viu logo o que estava a acontecer: a Maria tinha um ferimento de uma armadilha ilegal que alguém havia posto no campo. Há pessoas muito más neste mundo, e que fazem coisas ainda piores. Tentar apanhar os animais com armadilhas ilegais é uma delas. 

O Caçador Ricardo ficou triste com esta situação e, no dia seguinte, foi dar uma volta no terreno para ver se encontrava essa armadilha ilegal, mas foi em vão… 

Mais dias passaram e a Maria teve os bebés. Sem o Miguel ou sem o apoio de alguém. A Maria teve os bebés sozinha, como a natureza “manda”. O Ricardo percebeu-o, porque a Maria deixou de ir alguns dias ao cevadouro. Nessa altura, deveria estar a alimentar os seus filhos, com o leite que tinha produzido com a ajuda da comida que o Caçador Ricardo lhe dera. 

Até que chegou o dia em que eles cresceram um bocadinho e começaram a seguir a mãe Maria para todo o lado, principalmente à noite, quando vinham ao cevadouro comer todo o milho que o Ricardo havia deixado. Todos os dias, ele tinha de lá ir colocar comida… E muita comida! 

 Passados um tempo, o Ricardo começa a ver algo estranho nas imagens da câmara. Os filhos da Maria começam a aparecer sozinhos no cevadouro, de manhã, por volta das 10h00; e depois à tarde, por volta das 16h00 mas a Maria não estava… Algo se passava, porque os listados (filhos dos javalis) andam sempre com a mãe para todo o lado. E, normalmente, não é a estas horas… Só se a fome apertar muito, o que aconteceu aqui… 

No dia seguinte, a história repete-se… 

E no outro dia também… 

E o Caçador Ricardo percebeu o que tinha acontecido: a Maria tinha sido apanhado numa armadilha ilegal. E, por esta hora, já deveria estar morta.  

Apesar de triste e desiludido com as atitudes do ser humano, o Ricardo mete “mãos à obra” e decide que vai continuar a ajudar estas crias, como havia feito até ali. Começa a colocar ainda mais milho, para que eles não tenham fome e possam comer quando quiserem. 

Como na natureza não há barreiras, houve outros animais que aproveitaram esse comer, para também eles não passarem fome. O Ricardo ainda filmou algumas raposas, saca rabos, texugos, coelhos, pombos e corvos. Todos pareciam deliciar-se com o milho oferecido pelo Caçador Ricardo. 

Passados dois meses, e com 180 kg de milho comido, os pequenos javalis cresceram e continuam todos vivos, deixando este caçador orgulhoso e com dever de missão cumprida! Irá certamente continuar a alimentá-los para que continuem a crescer e que consigam pelos seus próprios meios sobreviver na natureza. 

Se os caçará, um dia? Não sabemos… A natureza tem destas coisas – cuida, preserva, conserva e o futuro a ninguém pertence! 

Moral da história? 

Está mais que explícita! 

* Fotos e relato da história (história verídica) - Ricardo Correia

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