Concentração da semeadura em espaço curto de tempo pode provocar dificuldades para a colheita da soja no estado.
O alerta é da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT): “a probabilidade de ter um problema na colheita existe e é alta”, diz o vice-presidente da entidade, Luiz Pedro Bier.
A projeção foi motivada pelos dados de semeadura da cultura neste ano. De acordo com o levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), 79,56% da área já estava plantada até 1º de novembro. O que é próximo à média das últimas cinco safras. Porém, em menos de 15 dias, o estado concentrou mais da metade do plantio.
Em 18 de outubro, a área semeada era de 25,08%. No mesmo período de 2023, o estado já tinha plantado 60% e começava o mês de novembro com 83,32%. No comparativo entre esses recorte de tempo, enquanto o plantio estava em 23,32% no ano passado, agora alcançou 54,48%.
Como conta Bier ao Agro Estadão, essa concentração ocorreu porque “este ano teve o maior atraso de início de plantio da história do Mato Grosso”. Então houve uma espécie de corrida contra o tempo para não deixar o plantio para o fim da janela, já que plantar mais tarde impacta na produtividade da soja.
“Mais ou menos em meados de outubro os produtores mato-grossenses começaram a trabalhar em dois turnos para recuperar esse atraso de plantio. Com isso, a gente saiu de um cenário de plantio atrasado para um plantio adiantado na média dos últimos cinco anos. O que aconteceu foi que o produtor plantou tudo muito rápido num curto espaço de tempo”, comenta.
Clima e capacidade de colheita são pontos sensíveis
Apesar do processo de plantio ter a capacidade de ser realizado em dois turnos, o mesmo não é possível para a colheita que, geralmente, acontece durante o dia. Além disso, o comum é que em janeiro e fevereiro, época de início da colheita no estado, a região tenha mais chuvas. Inclusive o IMEA, com base na previsão da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) sobre o La Niña, já projeta “umidade elevada em todas as regiões do estado”, conforme relatório de outubro.
“O problema na colheita é devido à chuva, mas não só isso. […] A gente não consegue estender a jornada porque o ambiente não deixa a gente fazer isso. Se ocorrerem chuvas, como normalmente ocorrem em Mato Grosso, a gente vai ter possivelmente um cenário complicado”, afirma Bier.
Outro aspecto é que a soja não pode aguardar muito no campo para ser colhida, especialmente, em tempos chuvosos. Quando há um excesso de umidade os grãos começam a apodrecer. Como mais da metade da cultura do estado foi plantada em uma janela de poucos dias, se espera que 100 a 120 dias após o plantio haja uma proporção de soja pronta para ser colhida.
Armazenagem também preocupa
Com uma concentração no volume de soja produzida, há também o receio quanto à armazenagem dos grãos. Por isso, a Aprosoja-MT está pedindo às tradings e aos armazéns que abram a possibilidade de receber os grãos 24 horas por dia durante o período da colheita.
“Nós temos uma dificuldade em relação a capacidade de armazenagem e a capacidade de beneficiamento da soja. Estamos fazendo uma campanha para pedir aos armazéns que façam turnos de 24 horas também para não atrasar o procedimento, para evitar filas e colaborar com a colheita da soja”, comenta Bier.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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